O governador Eduardo Riedel detalhou, ontem (5), a conversa que teve com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e empresas para viabilizar mudança que restabeleça o transporte ferroviário entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, facilitando o escoamento da produção sul-mato-grossense.
Durante entrevista ao site Campo Grande News, ele explicou que a mobilização ocorreu após a conclusão de que a retomada da linha Corumbá (MS)-Bauru (SP), que tem 1,8 mil quilômetros, vai demandar investimentos estimados em cerca de R$ 18 bilhões e a concessionária, a Rumo Logística, apontar impossibilidade de retorno desse volume de recursos.
Riedel explicou que já tinha movimentação envolvendo a concessionária, empresas de celulose na divisa com São Paulo para a mudança na rota do transporte, mas ainda faltava a concordância de São Paulo para envolver a União no debate, que é a proprietária da malha e responsável pela concessão.
Pelo novo plano, o trecho entre Três Lagoas e Bauru seria desativado, uma vez que há outra rota, com trilhos vindo de Mato Grosso, a Malha Norte, e atravessando Mato Grosso do Sul perto da divisa e chegando a Aparecida do Taboado, onde há uma ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná para o acesso a São Paulo, na Malha Paulista.
Do lado de lá, essa ferrovia, mais a norte que a Malha Oeste, igualmente conduziria ao Porto de Santos, para exportação de produtos. Riedel explica que não há “sentido logístico” e nem financeiro em manter duas ferrovias paralelas.
Para Mato Grosso do Sul se conectar a essa rota defendida, está sendo estruturada uma ferrovia privada, de cerca de 80 quilômetros, entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado, que atende as empresas de celulose Eldorado e Suzano, instaladas naquela cidade e que manifestaram interesse em fazer a obra, com tratativas em curso.
As mudanças demandam investimentos da concessionária estimados em R$ 5 bilhões. Além disso, o plano envolve garantir o transporte ferroviário entre Campo Grande e Três Lagoas. Essas rotas contemplam grandes empreendimentos.
O governador informou que a Rumo fez estudos, identificou virtuais clientes para o transporte e essa mudança revelou-se viável. “Eu não tenho dúvida que ativando esse trecho, de Campo Grande até Aparecida do Taboado, o volume de carga disponível e que vai aparecer independente dos contratos de longo prazo, são gigantescos. Estamos falando de soja, de milho, de etanol de milho”, disse, citando a empresa deste setor Inpasa, que vai instalar uma unidade com investimento de R$ 1,2 bilhão em Sidrolândia e poderá utilizar o trem para transportar combustível.
O avanço da ideia acabou por incluir um pedido feito pelo estado vizinho, para que receba os trilhos a fim de usar em projetos de transporte local, entre as cidades ou mesmo dentro do perímetro urbano, o que foi exposto à União, dona da malha. “Está todo mundo olhando para a mesma solução”, disse Riedel, que apresentou a iniciativa ao ministro dos Transportes, Renan Filho.