Um dos principais pontos turísticos e gastronômicos da Capital, a Feira Central, desde outubro de 2006, está localizada na antiga Estação Ferroviária.
A mudança de local da Feirona, que desde quando foi transferida das ruas José Antônio, Abrão Júlio Rahe e Padre João Crippa para o complexo ferroviário, causou polêmica e muita discussão, por se tratar de um espaço histórico da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que foi tombado em 2009, três anos depois de a Feira Central ser realocada na região.
O projeto de revitalização proposto pela Associação da Feira Central, Cultural e Turística de Campo Grande e técnicos da Prefeitura teria, de acordo com o parecer técnico do Iphan-MS, irregularidades, pois é proposta a segmentação do espaço em dois, construindo a nova Feirona onde atualmente está o estacionamento.
“A implantação da nova Feira Central na área da Esplanada Ferroviária, em parte do antigo leito ferroviário, que propõe segmentar este espaço em dois, afeta diretamente valores destacados no processo de tombamento, referentes à percepção e ao entendimento do sistema linear composto pelo complexo e das relações entre este sistema e a cidade. Sua locação em meio à Esplanada Ferroviária não é passível de aprovação”, consta em trecho da conclusão do parecer técnico do Iphan-MS.
Outros fatores levantados pelo instituto são a altura e a distância do empreendimento, em que é considerado que o “modelo da nova Feira Central é superior, em muito, aos imóveis existentes, podendo afirmar que sua inserção causará danos irreversíveis na visibilidade e ambiência do conjunto protegido”.
O projeto da nova Feira Central propõe uma estrutura de dois pavimentos, com mais de 5 mil metros quadrados de área construída, que seria edificada onde hoje está o estacionamento, que será remanejado para a área da frente.
Em resposta ao parecer técnico do Iphan-MS, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) entrou com um recurso para solicitar nova análise, informando que a construção buscará revitalizar a área, atraindo mais investimentos e turismo, e que o projeto desenvolvido foi pensado para implantar a nova feira no espaço logo após os trilhos originais da ferrovia, de forma que estes ficassem visíveis ao público e que toda a vista da Rua 14 de Julho fosse aberta.
Também informou que, de dentro da nova edificação, será possível “ter visão geral de todos os edifícios do complexo, além de visão privilegiada da rotunda, além de um restaurante que terá função de mirante para esta parte da explanada”, diz a Sisep no recurso encaminhado ao Iphan-MS.
Sobre o andamento do processo, a reportagem entrou em contato com o Iphan-MS, que informou que o documento ainda segue em análise dos órgãos federais de patrimônio histórico.
“O projeto de revitalização da Feira Central de Campo Grande foi analisado pelo Iphan-MS, tendo sido negado primeiro pela área técnica e, novamente, em recurso, pelo superintendente. Em fevereiro, um novo recurso foi submetido, em segunda instância, à presidência do Iphan, que o encaminhou ao Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam), cuja manifestação ocorrerá por meio de parecer técnico a ser elaborado pela Câmara de Análise de Recursos (CAR)”, disse em nota o Iphan-MS.
O atual projeto para a nova Feira Central prevê que o térreo do empreendimento, com 5,5 mil m² de área construída, será reservado para as 58 bancas de hortigranjeiros, além do espaço de venda dos demais produtos. Em um segundo pavimento, com 6 mil m², haverá um espaço multiuso de 700 m² destinado a eventos, como apresentações musicais e artísticas.
No pavimento superior também haverá um setor de alimentação, dividido em 30 restaurantes centrais, com capacidade para 920 lugares. Haverá também uma praça de alimentação dividida em 10 setores, e todo o complexo terá um estacionamento para 500 veículos. Com infos jornal Correio do Estado