Deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), a operação policial saiu às ruas da Capital e Ponta Porã para cumprir 21 ordens de prisão e 33 de busca e apreensão contra esquema de tráfico de cocaína que usou até policiais civis.
Pelo menos 13 presos chegaram à Depac Cepol e os investigadores, escrivães e delegados precisaram fazer toda a documentação da custódia. Em caso de prisões em flagrante, comum quando há tantos mandados de busca a cumprir, é preciso registrar a ocorrência e tomar os depoimentos dos presos.
Segundo o site Campo Grande News, os policiais ainda precisaram receber advogados – pelo menos 8 passaram pela reportagem ao longo do dia de plantão na porta da delegacia – e familiares das pessoas presas, que foram levar material de higiene e cobertores.
Os advogados afirmavam que precisavam se inteirar das suspeitas e dados contidos no inquérito para então se manifestar em nome dos clientes surpreendidos nesta manhã com o Gaeco na porta.
Somente Eduardo Rodrigues, defensor do dono de uma transportadora que foi alvo da operação, identificado apenas como Ademilson, conversou com a reportagem. Explicou que o cliente tinha contra si mandados de prisão e busca, mas nega qualquer envolvimento com o tráfico de drogas. “Na casa dele, não foi encontrado nada ilícito”.
Além do proprietário da transportadora, donos de uma oficina mecânica e um administrador de empresas estão entre os presos da Operação Snow. Há ainda os policiais civis “contratados” para quadrilha para transportar cocaína em viaturas de Ponta Porã até Campo Grande.
Contra o dono da oficina, no Bairro Guanandi, havia apenas ordem de busca e apreensão, mas ao chegar ao local, os policiais localizaram uma pistola calibre 380 e ele acabou preso em flagrante por porte irregular de arma de fogo de uso permitido.
Já contra o administrador havia mandado de prisão preventiva e de busca. Contudo, na casa dele, no Residencial Oliveira, policiais localizaram uma arma calibre 38 em cima de uma geladeira e também acabou preso em flagrante pelo porte ilegal de arma. Foram levados, ainda, dois cadernos com anotações e um celular.
Viaturas do Batalhão de Choque no pátio da Depac; equipes auxiliaram o Gaeco no cumprimento de mandados (Foto: Henrique Kawaminami)
A operação – Segundo a investigação do Gaeco, que contou com o auxílio da Corregedoria da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal, a organização criminosa era altamente estruturada.
A quadrilha ainda fazia a transferência da propriedade de caminhões entre empresas usadas pelo grupo e os motoristas, desvinculando-os dos reais proprietários. Com isso, chamavam menos atenção em eventual fiscalização policial, porque, em regra, a liberação é mais rápida quando o motorista consta como dono do veículo.