Os donos de chácaras localizadas às margens do Rio Formoso, no município de Bonito (MS), principal destino do ecoturismo do Brasil, culparam a falta de comunicação das autoridades pelas multas milionárias que levaram durante o Carnaval pelo excesso de hóspedes.
Segundo eles, as autoridades teriam de dialogar com os chacreiros para esclarecer sobre a nova norma que deveriam ter respeitado antes de fazerem as autuações,
Cristian Reis é proprietário de áreas usadas para passeios à beira do rio há cerca de 35 anos e disse que a aplicação de multa ambiental em massa, ainda mais em uma região tão visitada pelas belezas naturais, acabou vendendo a ideia de que todos os proprietários são “bandidos”.
Para ele, as irregularidades são pequenas e os empresários acabaram não se adequando a essa coisa de lei nova, lei antiga, lei municipal, lei estadual, lei federal e uma lei se sobrepor à outra.
Ele afirmou ainda que foi multado por construir deck à beira do rio em tamanho não permitido e desmatar APP (Área de Preservação Permanente) para fazer trilha até os atrativos, ambos sem licenciamento.
Intervenções sem licença estão proibidas desde fevereiro de 2023, quando passou a valer a Deliberação nº 52 do Conselho Estadual de Controle Ambiental. O Imasul (Instituto Estadual de Meio Ambiente) deu o prazo de 120 dias para adequação à norma, contados a partir de sua publicação.
Já outro proprietário, Altivo Barbosa de Souza Junior, se surpreendeu com multa de R$ 15 mil por usar bomba para captar água do rio para consumo humano e de animais. Ele diz que mora no local há 23 anos e, inclusive, faz parte de três organizações não governamentais de proteção ambiental. Estava “andando certinho”, de acordo com a lei antiga que seguia.
A conversa e uma cartilha que foi distribuída, segundo o proprietário, explicou somente depois os impactos da nova norma. Cristian avalia a conversa que aconteceu no auditório da Prefeitura de Bonito, como menos produtiva do que poderia e, por isso, pede outras futuras.
O convite aos proprietários foi feito pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bonito, pelo Imasul, da Polícia Militar Ambiental e o IASB (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena).
Secretário de Meio Ambiente do município, Thyago Sabino explica que as questões ambientais costumam ser debatidas pelo Conselho de Meio Ambiente em Bonito e que as reuniões são abertas ao público. Algumas contam número grande de participantes, outras não.