Segundo investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) divulgadas pelo site Campo Grande News, Neno Razuk, que já é réu na Justiça por ser apontado como o novo controlador do jogo do bicho na Capital, mostra a relação de proximidade dele com Jonathan Gimenez Grance, primo do narcotraficante Jarvis Pavão, o “Barão da Droga”, que acumula pena de 70 anos e está na Penitenciária Federal de Brasília, no Distrito Federal.
“Em virtude dessa liderança na organização criminosa e do já exposto interesse na expansão das atividades ilícitas, foi observado que o denunciado ROBERTO RAZUK FILHO (“NENO RAZUK”), apesar de ocupar o cargo de Deputado Estadual, tem se relacionado com célebres criminosos, a exemplo de JONATHAN GIMENEZ GRANCE (“CABEZA”), primo do megatraficante JARVIS PAVÃO e um dos líderes do grupo criminoso por esse chefiado”, informa o documento da Operação Successione.
Apontado como peça importante na estrutura do crime na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, Jonathan Grance chegou a ser preso com arsenal, em Ponta Porã, no ano de 2018. Segundo a investigação policial, o grupo preparava ataques ao traficante Sérgio Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”, então principal chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira do Paraguai com o Brasil.
“Deve ser destacado que o denunciado CARLITO GONÇALVES MIRANDA, um dos integrantes responsáveis pela execução dos roubos, já foi preso em flagrante delito ao lado de JONATHAN GIMENEZ GRANCE (“CABEZA”) e de outros membros do grupo criminoso liderado por JARVIS PAVÃO, em 7.12.2018, em posse de 6 (seis) pistolas e 1 (um) revólver, além de 8 (oito) veículos (quatro blindados), razão pela qual não se pode ser desprezada a possibilidade de existência de conexões entre os dois grupos criminosos”.
Em 2022, Jonathan Grance foi colocado em liberdade, sendo que a Justiça reduziu a pena de 36 anos para 11 anos. Livre, ele esteve no condomínio de luxo Damha III, em Campo Grande, para visitar Neno Razuk, às 21h53 de 16 de outubro do ano passado, dia em que aconteceram três roubos forjados de malotes do “recolhe” do jogo do bicho.
“A propósito, consta que o líder ROBERTO RAZUK FILHO (“NENO RAZUK”) foi visitado por JONATHAN GIMENEZ GRANCE (“CABEZA”), na residência no condomínio Damha III de Campo Grande, na data dos 3 (três) roubos praticados nesta capital (16.10.2023)”.
Com três crimes semelhantes, a equipe do Garras (Grupo Especializado de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) foi acionada e perseguiu um dos veículos usados no primeiro roubo. O Hyundai/HB 20 estacionou em frente a uma residência, na Rua Gramado, no Bairro Monte Castelo.
O investigado José Eduardo Abdulahad, o “Zeizo”, recebeu os policiais e acompanhou a diligência. “Foi, então, que as equipes policiais, durante a busca pelos assaltantes, encontraram verdadeiro ponto de concentração da organização criminosa voltado à exploração do jogo do bicho, contendo centenas de máquinas usadas nas operações do jogo de azar, além de acessórios e de R$ 2,5 mil em dinheiro”, descreveu o Gaeco.
Outros nove homens que estavam dentro da residência afirmaram que foram ao local jogar pôquer. Dentre eles, dois eram militares: Gilberto Luiz dos Santos, o “Barba”, e Manoel José Ribeiro, o “Manelão”. A investigação também teve acesso às câmeras de segurança do condomínio Damha III, onde mora o parlamentar, e descobriu os veículos usados nos roubos dos “recolhes” passando na portaria para ir à casa do “chefe”.
Já no dia 20 de dezembro, a Operação Successione cumpriu mandado de busca e apreensão contra Jonathan, primo de Pavão. De acordo com o advogado João Arnar Ribeiro, que atua na defesa de Neno Razuk, a casa no condomínio de luxo também era utilizada como escritório político. “E, nessa condição, recebia muitas pessoas. A priori, não se sabe exatamente quem esteve por lá, gente de bairro, movimento político. Recebia centenas de pessoas”.
A defesa de Jonathan Grance informa que ele não foi denunciado pelo Ministério Público e que desconhece o motivo do mandado de busca em dezembro. Ainda de acordo com o Gaeco, Neno Razuk “tem arcado com a defesa dos presos durante a Operação Successione (…), sobretudo, para controle do posicionamento de todos perante as autoridades, de forma que não seja implicado, tal qual até aquele momento tinha ocorrido”.