Força de combate ao crime organizado alerta que Capital enfrenta guerra por território entre facções

A recém-criada Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso do Sul (Ficco-MS) alerta que Campo Grande vive uma guerra por território entre facções criminosas e, por isso, os crimes violentos estão sendo registrados na cidade. Ainda de acordo com a Ficco-MS, essa briga por território entre criminosos já é uma realidade em algumas cidades do interior de Mato Grosso do Sul.

 

O delegado da Polícia Federal e coordenador da seção regional da Ficco-MS, Leonardo Machado, comenta que, a partir do momento em que Campo Grande se tornou ponto de apoio para guardar armas, entorpecentes e outras mercadorias, há um aumento da criminalidade que está relacionado à atuação de organizações criminosas.

 

Ele revelou que a Capital sempre foi um corredor de passagem da droga para outros estados. Só que normalmente aqui também serve de ponto de apoio para as facções esconderem drogas, armas e encontrarem a melhor forma de mandar essa droga aos estados e a regiões de praia, para o escoamento pelo mar.

 

O aumento da criminalidade em função da atuação de grupos criminosos é notado em algumas cidades do interior do Estado onde há disputas de território pelas facções. Um exemplo citado pelo delegado foi a disputa que se deu após a morte do narcotraficante Jorge Rafaat, que aumentou a incidência de crimes violentos na região de fronteira.

 

No entanto, o delegado aponta que em Mato Grosso do Sul há a predominância de um grupo criminoso e que a maioria dos faccionados pertencem a essa organização específica. O delegado não cita nomes, porém, a maior facção com atuação no Estado é o Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem São Paulo como base, mas atua em diversas regiões do País, dentro e fora de presídios.

 

Ele disse que existem outras organizações, principalmente algumas do Rio de Janeiro, tanto é que, no ano passado, a gente deflagrou uma operação e apreendeu drogas de uma facção que mandava drogas e armas para o estado. A operação em questão foi a Égide II, que cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em Campo Grande, inclusive em imóveis de luxo, que eram usados para lavar dinheiro da ação criminosa e como depósitos do material ilícito.

 

Na ocasião, foi relatado que a ação criminosa era uma parceria entre facções especializadas no tráfico de armas e drogas, que saíam do Paraguai em remessas para Campo Grande em meio a cargas lícitas, sem o conhecimento das empresas de transporte. Na Capital, o material era armazenado em imóveis que pertenciam à organização e depois seguia para o Rio de Janeiro.

 

A respeito do modus operandi, o delegado aponta que cada grupo criminoso tem sua maneira de atuar, podendo a carga ilícita ser transportada por estradas, por via aérea e até mesmo por via fluvial. A partir do momento que se inicia uma operação, a Polícia identifica o modus operandi de cada célula, porque tem células que mexem bastante com transporte aéreo de drogas e armas.

 

Ele disse que há células envolvendo essas organizações que preferem o escoamento pela rodovia, bem como relacionados a rios, de onde eles aproveitam para mandar essa droga para fora de MS. Mato Grosso do Sul é um estado importante para a ação criminosa, já que é uma espécie de corredor para escoamento de entorpecentes, armas e outros itens fruto de contrabando e descaminho.

 

Em função dessa localização geográfica, com fronteiras com o Paraguai e com a Bolívia, países produtores de drogas, a atuação de forças integradas, como a Ficco-MS, é tida como de extrema importância para o combate ao crime organizado.

 

Instalada no Estado no fim de 2023, a Ficco-MS já apresenta resultados satisfatórios, de acordo com o delegado. Em pouco tempo, duas grandes operações já foram realizadas no Estado e, em breve, mais ações serão deflagradas.

 

Além da Polícia Federal, participam da Ficco-MS no Estado a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Civil, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e, em fase de adesão ao acordo, a Polícia Militar.

 

De acordo com o delegado, é essa junção de forças que fortalece as ações da Ficco-MS. A iniciativa começou em Minas Gerais e depois foi implementada em todo o País. O governo federal se reuniu com a Polícia Federal e pediu para verificar o que poderia ser feito com relação ao combate a crimes violentos.

 

Em MS, a Ficco-MS atua combatendo crimes violentos, como assalto a mão armada, furtos, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e de armas, que geram prejuízo e instabilidade social.