O dinheiro arrecadado teria como fim o de pagar as multas judiciais aplicadas contra o ex-presidente. Entre os doadores aparecem até quem integra famílias que vivem com renda mensal de meio salário-mínimo.
As operações, que ficaram também conhecidas como “vaquinha” de Bolsonaro, ocorreram entre 20 de junho a 31 de julho passado. No total, foram registradas 809,8 mil transações feitas por 770,2 mil pessoas.
Em uma das poucas vezes que Bolsonaro comentou a vaquinha, publicamente, ele disse que a quantia arrecadada daria para quitar “todas as suas contas” e ainda “tomar um caldo de cana com pastel”.
As transferências via Pix, por orientação da Procuradoria Geral da República, têm sido investigadas. Ao menos até agora, fim de outubro, oficialmente, o ex-presidente nada informou ter pagado de multa ou mexido na fortuna acumulada por meio das doações.
Reportagem publicada pelo portal Metrópoles, no sábado (28), indicou que o ex-presidente recebeu doação de recursos via Pix de 18.082 servidores federais.
O portal Metrópoles informou que os dados que sustentaram sua reportagem saíram do relatório produzido por técnicos da CPMI da (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos de 8 de janeiro, o qual o portal teve acesso.
A CPMI investigou aquela depredação e quem financiou a destruição da praça dos Três Poderes, em janeiro passado, em Brasília.
A Procuradoria-Geral da República pediu que o STF (Supremo Tribunal Federal) mande para a Polícia Federal representação que pede investigação sobre o recebimento de doações via Pix pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
O objetivo é que a Polícia Federal – por meio da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores – verifique se as informações contidas na representação proposta por senadores ao STF têm conexão com os fatos apurados no caso das milícias digitas, checando, inclusive, se os doadores já figuram como investigados no Inquérito 4874.
O inquérito 4874, segundo o STF, foi instaurado a partir de indícios e provas da existência de uma organização criminosa, com forte atuação digital, que se articularia em diversos núcleos – político, de produção, de publicação e de financiamento –, com a finalidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito no país.
Embora sem citar onde moram, o publicado diz que 31% dos doadores, ou 244.027 pessoas que resolveram contribuir com o ex-presidente, estão relacionadas no chamado Cadastro Único, o CadÚnico.
E o que é o CadÚnico? Um instrumento coordenado pelo Ministério da Cidadania que tem como objetivo identificar e caracterizar as famílias brasileiras de baixa renda. Quem estiver relacionado nesta condição, conquista o direito de receber benefícios de programas sociais, como vale-gás e bolsa família.
Também segundo apuração dos técnicos da CPMI/8 de janeiro, 150.196 pessoas com renda abaixo ou igual a dois salários-mínimos fizeram doações via Pix a Bolsonaro.
Outras 1.365 pessoas com mandado de prisão em aberto também foram generosos com o ex-presidente.
Pelo menos 249 pessoas que têm sido investigadas pela invasão da Praça dos Três Poderes, foram outras pessoas que transferiram dinheiro para o ex-presidente, segundo relatório da CPMI.
Na lista dos camaradas bolsonaristas, consta além de servidores federais, empregados em órgãos estaduais, municipais, ex-ministros e ainda há uma desmedida relação de políticos.
Aqui em MS, o deputado estadual João Henrique Catan, do PL, resolveu expor sua empatia pelo ex-presidente, em redes sociais: ele afirmou ter transferido R$ 1 mil a Bolsonaro.