A delegada de Polícia Civil Analu Ferraz, da Deam (Delegacia Especializada de Proteção às Mulheres), descreveu, ontem (4), José Carlos Santana Júnior, o “Maníaco do Parque das Nações Indígenas”, como predador sexual e alguém que queria chamar atenção, não tendo um perfil específico de vítimas, que eram escolhidas pela vulnerabilidade.
“Ele escolhia de forma aleatória. Uma que ele observasse que tivesse vulnerabilidade maior que ele conseguisse predar”, pontuou a delegada, que traçou o perfil depois do interrogatório do sociopata e que escolhia as vítimas aleatoriamente.
Ela revelou ainda que na manhã de ontem uma vítima de estupro na forma tentada, que não teve a idade divulgada, registrou a ocorrência. No dia 21 de setembro, ela seguia pela Avenida Eduardo Elias Zahran quando foi perseguida pelo predador sexual, mas conseguiu correr e se esconder em um comércio da região.
Além disso, uma adolescente de apenas 14 anos registrou ocorrência na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) contra o psicopata. Mais três vítimas devem comparecer à Deam nesta quinta-feira (5) para realizar o reconhecimento.
Nesta fase, conforme explicou a delegada, o enfoque são os casos de estupros de data anterior em que ele trabalhou como motorista de aplicativo.
“Às vítimas que estamos identificando estamos pedindo para vir até a delegacia. Então, acredito que até o final de semana a gente já tenha um levantamento maior de vítimas que a gente conseguiu”, explicou Analu Ferraz.
Quando terminarem de cruzar ocorrências nesta primeira fase irão partir para os crimes que José Carlos cometeu enquanto exerceu a função como motorista de aplicativo. “Ele está solto já tem um tempo e em um intervalo curto fez essas vítimas. Acredito que vai ser um pouco mais difícil a gente fechar [a quantidade de vítimas]”, observou.
A delegada explicou que ele tem plena consciência dos crimes que cometeu. “Ele está sobre plena consciência das faculdades mentais dele. Durante o interrogatório exerceu o direito de permanecer em silêncio. Disse que só falaria em juízo, mas quando eu questionei que tinha vídeos que ele estava inclusive com a camisa que ele estava usando [no momento do crime] mostrei os vídeos e ele disse que era ele nos dois vídeos”, apontou.
Enquanto passava pelo interrogatório, José Carlos não fez uso de algemas, o comportamento foi de tranquilidade beirando a frieza enquanto era inquirido acerca dos casos. “Ele não esboça nenhum tipo de agressividade, não é agressivo. Eu questionei sobre uma das vítimas que fez o reconhecimento se ele chegava a agredir às vítimas e ele falou ‘não senhora, não bato em ninguém, só tenho minhas fraquezas’”, contou.
A delegada relatou que durante o reconhecimento do estuprador o momento foi de grande choque para todas as vítimas. O bandido fica posicionado em uma sala e a mulher o observa por um vidro em que apenas elas podem vê-lo. “O momento do reconhecimento das vítimas foi um momento bem marcante. Porque todas as vítimas se emocionaram muito. No momento em que elas entraram na sala de reconhecimento e elas viram ele do outro lado, todas ficaram emotivas, chorando demais, teve uma senhora que estava incontrolável”, relatou a delegada.
Para a delegada Analu Ferraz, o estuprador pode ser definido como “serial” e que claramente demonstrava prazer em ser reconhecido ou notado.
“Ele estava até sendo coaching, estava vendo nas redes sociais, que ele estava trabalhando como coaching motivacional. Acredito que sim [ele queria ser notado]”, apontou, revelando que lhe chamou atenção para outros casos de possíveis vítimas o uso de uma camiseta na cor preta que se repetiu em diversos casos, indicando possivelmente que ele usasse a mesma roupa durante a prática dos estupros