No próximo dia 1º de outubro, será realizada a eleição para conselheiro tutelar em Campo Grande e, com um salário atrativo de R$ 5.946, podendo dobrar e chegar a R$10.900 com plantões, 112 candidatos disputam por 40 vagas como titular e mais 40 para suplentes.
A última eleição foi em 2019 com 25 conselheiras eleitas para atuarem em cinco unidades, mas, depois da tragédia da pequena Sophia Ocampo, 2 anos de idade, morta pelo padrasto com a conivência da mãe, algumas coisas mudaram na disputa. Dentre elas, a abertura de mais duas unidades do Conselho e o número de vagas que chegará a 80 eleitos.
O vice-presidente do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), Márcio Benites Anastácio, justifica que as ampliações de vagas e unidades já eram uma demanda antiga devido a proporção da Capital, mas ações serão implantadas para evitar tragédias.
“Nós sempre trabalhamos para que não aconteçam casos como o da Sophia e da Estrelinha. O que vamos fazer agora é um curso de escuta para 100 profissionais, também terá melhora de infraestrutura para que os conselheiros possam atuar. A expectativa é de melhorar daqui pra frente”, afirmou.
Já uma das candidatas a conselheira tutelar pondera que apesar do salário ser condizente com a importância da função, acaba sendo um atrativo para pessoas despreparadas, o que prejudica toda a rede de proteção à criança e adolescente.
“É um bom salário, condiz com o serviço, mas infelizmente acaba sendo chamariz para pessoas sem comprometimento com a causa. Isso fragiliza os conselhos e também o entendimento da real função do Conselho Tutelar, tanto pela rede de proteção, quanto pela população”, opinou.
Questionado sobre qual seria a responsabilidade de um conselheiro tutelar, o vice-presidente do CMDCA destacou o que preconiza o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). “Não é só o conselho tutelar, é a SAS, a Saúde, a Educação, a DPCA etc. Se a rede não fechar, nada funciona. Porque o Conselheiro Tutelar pega uma denúncia e ele vai mandar para uma criança espancada para a saúde, para a polícia e para o Conselheiro tomar algumas medidas. Funciona através de toda a rede”, rebateu.
Ao todo, são 112 candidatos no pleito eleitoral para conselheiro tutelar nas sete regiões de Campo Grande: Centro, Segredo (ao norte da região central), Bandeira (a sudeste e parte do sul), Lagoa (a sudoeste) e Anhanduizinho (a sul e sudoeste). As novas unidades serão na região do Prosa (a nordeste e leste) e Imbirussu (a oeste).
“Serão eleitos 40 conselheiros tutelares titulares e o resto será suplente. Ao todo, serão 80, dois para cada conselho. Para nós o que interessa são os titulares, o restante fica de reserva. Entrou de férias, licença médica um desses suplentes vai cobrir onde o conselho precisou de ausentar”, explicou o vice do CMDCA.