A contabilidade do narcotraficante Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, o “Dom” ou “Motinha”, inclui prostitutas de luxo, compra de fuzis em Dubai, pagamento dos mercenários que fazem sua escolta pessoal e uma cirurgia plástica. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal na última semana na fronteira com o Paraguai, mas conseguiu fugir de helicóptero um dia antes da ação.
Segundo a PF, a informação de que ele seria preso vazou pela polícia paraguaia, que nega, porém, em maio deste ano, Dom também foi alvo de outra operação, mas conseguiu fugir dois dias antes. Em 2019, em outra operação, a polícia apreendeu celulares, cadernos e conteúdos armazenados nas nuvens que mostram a contabilidade da organização criminosa comandada por Dom.
As investigações mostraram que Dom tem dois operadores financeiros, uma mulher no Brasil e um homem no Paraguai. Eles são encarregados de realizar toda a movimentação financeira da organização criminosa. Os pagamentos funcionam da seguinte forma: o traficante aciona os operadores por mensagem, informa os valores a serem pagos e eles acionam doleiros que fazem os pagamentos usando uma rede de contas e empresas de fachada para evitar o rastreamento dos valores.
Em uma das conversas descobertas na investigação, Dom negocia por aplicativo de celular o valor para que duas prostitutas de luxo passem o fim de semana com ele. O interlocutor passa o preço e a conta e, no dia seguinte, o narcotraficante autoriza a seu operador o repasse de R$ 32 mil pelo serviço.
Em outra conversa, desta vez com seu cunhado, o narcotraficante negocia a compra de dois relógios de luxo para a namorada, no valor de R$ 100 mil. Por causa do alto montante, os valores são fracionados para não serem rastreados.
Em uma outra conversa, ele pede ao cunhado a transação de R$ 395 mil. Dessa vez para adquirir um carro, também para a namorada e pede que o veículo seja blindado.
Nos documentos, a polícia encontrou a negociação de R$ 8,1 mil para a cirurgia plástica da mãe de Mota, Cecy Mendes Gonçalves da Mota. Ela fez uma “ritidoplastia com endoscópica e bléfaro”, um procedimento para suavizar os sinais de envelhecimento. O pagamento foi feito por vários depósitos em dinheiro e uma transferência bancária de uma empresa de fachada.
Além de despesas pessoais, os documentos apreendidos revelam ainda a movimentação financeira da organização criminosa com a venda de entorpecentes.
A anotação aponta a venda de 466 unidades, comercializadas por US$ 4,7 mil cada, gerando um montante de US$ 2,190 milhões. Na cotação atual, o montante movimentado pelo traficante é de mais de R$ 10 bilhões.
Em outra conversa por aplicativo descoberta no celular de Dom, ele fala com o irmão sobre a compra de armas, a partir de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A conversa aconteceu entre junho e julho de 2018.
As mensagens ainda mostram quanto pagava a integrantes de sua milícia paramilitar. Em mensagem, Dom determina o pagamento de R$ 100 mil a Lugui, como era conhecido Luís Guilherme Chaparro Fernandes. O paramilitar foi um dos seis presos na operação Dominus, no dia 30 de junho, sendo que outros cinco estão foragidos, entre eles, os três estrangeiros.