Dados da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) revelam que, de 1º de janeiro a 12 de maio deste ano, 59 pessoas já morreram durante ações das polícias Militar e Civil em Mato Grosso do Sul.
As últimas duas mortes foram registradas ontem (12), sendo a primeira de Odair José Cezar Rodrigues, de 19 anos, que faleceu durante a madrugada após reagir a uma abordagem da Polícia Militar, no Bairro Vila Margarida, em Campo Grande.
O jovem tinha 15 passagens pela Polícia por roubo, sequestro, ameaça, tentativa de latrocínio, tráfico de drogas, violação de domicílio e era suspeito de ser o autor de diversos furtos na região da Vila Margarida.
A segunda morte foi de Joel de Lima Oliveira, de 44 anos, que faleceu durante a manhã, após reagir a um mandado de prisão da Polícia Civil, no Bairro Tarsila do Amaral, também em Campo Grande.
O foragido tinha passagens por tráfico de drogas, roubo, corrupção de menores, violência doméstica e quatro homicídios. Além disso, ele já tinha sido sentenciado pelo assassinato de Nelson Costa Júnior, um investigador da Polícia Civil morto em 2006, com um tiro na cabeça, em um bar localizado na Avenida Mato Grosso.
Nos primeiros quatro meses do ano, foram 52 mortos em confronto policial, número que representa um aumento de 642,8% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado.
Até o fim do mês de abril, a média era de 13 mortes por mês durante ações das polícias Civil e Militar no Estado, número recorde em relação aos últimos nove anos que se tem registro.
O segundo maior número de óbitos da série histórica neste mesmo período aconteceu em 2019, ano em que 34 foram mortos pelas polícias Civil e Militar até o fim de abril.
O mês de maio começou há 12 dias e já é o terceiro com o maior número de óbitos da série histórica, com sete mortos, atrás apenas de 2016, que registrou 15 mortes em confrontos, e de 2021, que registrou nove.
Já tendo superado o número de mortes de cinco dos últimos nove anos, Mato Grosso do Sul caminha para registrar número recorde em 2023. O professor aposentado e sociólogo Paulo Cabral afirmou que o aumento no número de óbitos nos confrontos com a Polícia se deve ao fato de que o crescimento de facções criminosas exige que os policiais sejam cada vez mais rigorosos.
Para ele, ao contrário de mostrar que a Segurança Pública está no comando, o aumento das mortes mostra exatamente o contrário: mostra que o crime está cada vez mais organizado.