Uma apresentação circense na cidade Amambai (MS), no último domingo (12), acabou virando caso de Polícia. Isso porque o espetáculo não tinha nada de infantil e chocou os pais, que leram as crianças para assistir à apresentação.
No show, ao invés de um palhaço tradicional, apareceu um só de cuecas e fazendo danças eróticas, chegando a simular atos sexuais com um pai escolhido na plateia.
O espetáculo foi contratado pela Prefeitura Municipal de Amambai, que até aparece no cartaz do evento como apoiadora. Em vídeo postado nas redes sociais de moradores, o público se revolta conforme um dos artistas vai ficando pelado.
Com maquiagem parecida como as usadas por palhaços, a princípio o homem surge nas imagens de calças e camiseta, mas vai se despindo até se transformar em cupido de cueca, com coração em frente às partes íntimas.
Do tipo atrevido, nas cenas o personagem tenta fazer graça se esfregando em espectadores e rebolando em frente às crianças, o que causa surpresa seguida de indignação de alguns pais.
Apesar da página que divulga o “Show do Cupido” no Instagram indicar espetáculos para maiores de 16 anos, os moradores garantem que todo o material espalhado pela cidade, inclusive, em escolas, não alertava para essa censura.
Além da denúncia à Polícia Civil, a PMA (Polícia Militar Ambiental) também teve de ser acionada, pois os responsáveis utilizavam duas serpentes, sendo uma delas exótica e proibidas, e um outro animal, pois em Mato Grosso do Sul é proibida apresentações circenses com animais.
Nos vídeos postados nas redes sociais dos moradores da cidade, o show começa com o ator no palco, ainda vestido. Ele tira a camiseta e passa a rebolar para o público, depois senta no colo de um homem, que parece ter se oferecido como voluntário para a brincadeira feita de amassos e beijos no pescoço.
O ator segue tirando peça por peça, até ficar seminu, usando cueca com coração e uma flecha. O palhaço então se aproxima da plateia cheia de crianças e se esfrega em outro homem, que rechaça o ato. O “cupido” ainda tenta fazer mais graça e beijá-lo, mas novamente é rejeitado. Na mesma cena, é possível ver a mãe saindo do local com o filho e zangada com a apresentação.
Nas redes sociais, a população se revoltou. “Um absurdo, até eu sendo uma pessoa adulta, tenho vontade até de vomitar. Essa atração infeliz não agrega nada de bom na cabeça dessas crianças”, disse uma internauta.
Em outra manifestação, a pessoa chama a apresentação de “show de golpistas” e lembra que o mesmo grupo fazia propaganda para apresentação na cidade de Ivinhema. A Prefeitura de Amambai, onde ocorreu o evento, emitiu nota se defendendo sobre o apoio que deu à apresentação.
“É comum a administração pública incentivar manifestações de artistas que nos procuram e oferecem como contrapartida, benefícios para a nossa população, que no caso da companhia circense em questão seria retorno financeiro a uma entidade do município, qualificação de profissionais locais, com uma oficina de circo e ingressos gratuitos para crianças carentes”, argumentou a administração.
A nota cita publicações da equipe, dizendo que “o material foi produzido com base na própria arte de divulgação do Show do Cupido, (…) que em momento algum faz menção ao conteúdo impróprio para crianças e muito menos à faixa etária indicada para o espetáculo das 20h30, como bem pode ser observado nas demais artes que se encontram publicadas na página do circo”.
Por fim, afirma que “manifesta seu repúdio à qualquer ação “artística” ou não que coloque crianças e adolescentes em situações como as ocorridas durante a apresentação do Palhaço Cupido e informa que já está tomando as providências cabíveis”.
Na página da trupe é possível conferir que eles já haviam passado pelas cidades de Eldorado e Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul. Depois da revolta geral na cidade, policiais ambientais foram ao local das apresentações e tiveram mais uma surpresa. Constataram a presença de duas serpentes usadas nos shows: uma jiboia com aproximadamente 1,2 metro de comprimento e uma Phyton, considerada exótica, de um metro de comprimento.
A Lei Estadual 3.642/2009 proíbe o uso de qualquer tipo de animal como atrativo e dispõe que “fica proibida, em todo o território do Estado de Mato Grosso do Sul, a apresentação de espetáculo circense ou similar que tenha como atrativo a exibição de animais de qualquer espécie”, além de citar que “consideram-se animais os seres irracionais, quadrúpedes e bípedes, domésticos ou selvagens, nativos ou exóticos”.
O dono do circo foi multado em R$ 47.380,00 e afirmou que não sabia da proibição. Os animais foram apreendidos e encaminhados ao Cras (Centro de Animais Silvestres), em Campo Grande. Ele responderá por crime ambiental de introduzir espécime no país sem autorização, por causa da serpente exótica, com pena de três meses a um ano e por manter animais silvestres ilegalmente em cativeiro, pela jiboia, com pena prevista de seis meses a um ano de detenção. Nenhuma das serpentes tinha documentação legalizada.