Mesmo preso desde maio de 2020 na Hungria, o ex-major PM Sérgio Roberto de Carvalho, mais conhecido como “Major Carvalho” e batizado de “Escobar Brasileiro” em referência ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar, continua dando trabalho para a Justiça de Mato Grosso do Sul.
Na maior cara de pau do mundo, Major Carvalho acionou a Justiça para receber uma indenização da Ageprev (Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul) como oficial da reserva da Polícia Militar. O pior é que conseguiu uma vitória no processo ingressado em 2015, tendo direito a receber R$ 1,3 milhão.
Na época, ele cobrava R$ 516.695 em aposentadorias, valor que ele alega não ter recebido devidamente, entre o período de 2011 a 2015. Recentemente, no dia 24 de novembro, o juiz Marcelo Andrade Campo Silva determinou o pagamento em R$ 1.313.732,01, valor do crédito devido ao ex-major PM.
Major Carvalho ficou sem receber os valores após ter sido presumido óbito por não comparecimento em uma prova de vida, época em que o pagamento da aposentadoria foi suspenso, o qual era no valor mensal de R$ 11 mil. O “Pablo Escobar Brasileiro” movimentou mais de R$ 2,25 bilhões entre os anos de 2018 e 2020, com exportações de 45 toneladas de cocaína à Europa, conforme informações da Polícia Federal.
Após desaparecer de Campo Grande em 2016 e iniciar o processo de logística internacional para o tráfico de drogas, Major Carvalho foi inserido na lista da Interpol em 2018. O narcotraficante, que foi expulso da PM em março de 2018 e condenado a 15 anos de prisão por tráfico de drogas, estava com um passaporte mexicano falso e era procurado pelas polícias do Brasil e da Europa.
O ex-major PM ingressou na Polícia Militar de Mato Grosso do Sul no fim da década de 1980 como comandante do Batalhão Militar de Amambai, área de fronteira do Estado com o Paraguai. Na década de 1990, ele já estava envolvido com atos ilícitos, como o contrabando de pneus, e, anos depois, foi pego contrabandeando uísque.
Em 1997, Major Carvalho já transportava cocaína da Colômbia e da Bolívia até o interior de São Paulo. No mesmo ano, o ex-major PM foi transferido para a reserva remunerada da Polícia Militar. No ano seguinte, foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo tráfico de 237 quilos de cocaína.
Após um longo processo e perda de seu posto e patente, sua aposentadoria foi suspensa em 2010. No entanto, em 2016, conseguiu reaver na Justiça o benefício de R$ 9,5 mil mensais. Em 2019, o narcotraficante foi novamente condenado, desta vez a 15 anos e três meses de prisão, por usar laranjas em empresas de fachada para movimentar R$ 60 milhões.
O ex-policial militar também foi condenado, em 2008, a 15 anos de prisão por tráfico de drogas. No Brasil, o Porto de Paranaguá (PR) era o preferido da quadrilha de Major Carvalho para as remessas de drogas ao Velho Continente. No território europeu, os integrantes da organização criminosa escolhiam com maior frequência o Porto de Antuérpia, na Bélgica, e depois o de Roterdã, na Holanda.