Dependendo dessa avaliação, Adélio Bispo poderá ser solto ou não. Em laudo médico de 2019, ele foi diagnosticado com “transtorno delirante permanente paranoide”, o que não permite a punição criminal, sendo que uma nova perícia médica precisava ser feita em um intervalo de três anos. Em rede social, também nesta segunda-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, criticou a nova perícia médica a qual foi submetido o prisioneiro.
Ele comparou a iniciativa da Justiça com a prisão de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, o Ivan Papo Reto, detido semana passada, em Belo Horizonte (MG), por ameaças à vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). “Querem libertar um esquerdista que tentou assassinar o presidente da República? Por quê? Agora, chama o Lula de bobo ou diz que o partido dele tem relação com alguma facção para você ver”, afirmou o senador.
Em junho de 2019, na sentença contra Adélio Bispo, a Justiça Federal converteu a prisão preventiva em internação por tempo indeterminado. Pela decisão, ele deveria ficar preso na Penitenciária de Campo Grande. Na sentença, foi aplicada a figura jurídica da “absolvição imprópria”, em que uma pessoa não pode ser condenada. Como no caso de Adélio Bispo ficou constatado que ele é inimputável, não poderia ser punido por ter doença mental.
“A internação deverá perdurar por prazo indeterminado e enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade”, afirmou a Justiça na sentença. O atentado ocorreu em setembro de 2018, quando Bolsonaro participava de um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Adélio Bispo foi preso imediatamente e, no mesmo dia, confessou ter sido o autor da facada no então candidato à Presidência.
Em depoimento enviado à Justiça à época do julgamento, Bolsonaro foi indagado se, antes da facada, percebeu a aproximação de Adélio Bispo. Respondeu que não. Questionado, então, se teve tempo de se defender, também respondeu que não. “Segundo os médicos, minha sobrevivência foi um milagre. Muito sofrimento em três cirurgias e, até hoje, sofro as consequências dessa tentativa de execução”, disse na época.