Segundo Aluízio Pereira, o crime “foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa” e, portanto, o 2º sargento da Aeronáutica deve permanecer preso para a “garantia da ordem pública, da instrução e para assegurar a aplicação da lei penal”. No pedido original, a defesa solicitava a liberdade provisória do cliente, mas, na hipótese de decisão contrária, pedia que ele tivesse a garantia de permanecer preso nas dependências da Base Aérea, “mas, não dentro de uma cela, e, sim, dentro dos limites territoriais do quartel (pátio e alojamentos), podendo assim, inclusive, desempenhar atividades laborais internas”.
O MPE (Ministério Público Estadual) foi contra a regalia e manifestou-se para que a condição “mais flexível” para o confinamento não fosse acatada pela Justiça. “Mesmo com escolta armada, fica indeferido por falta de amparo legal, além das dificuldades operacionais da Aeronáutica de mantê-lo com tal benesse. Se não bastassem, dentre os motivos da prisão preventiva, um deles é a garantia da aplicação da lei penal e se ficar solto – nas dependências – poderá foragir, e o outro fundamento é evitar de interferir na instrução criminal”, registrou o juiz.
Entenda o caso
O corpo de Natalin Maia foi encontrado na margem da BR-060, na saída para Sidrolândia, na tarde de 6 de fevereiro. Mas a investigação aponta que a jovem foi morta em casa. Tamerson Ribeiro alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e ela desmaiou.
Ele disse que a intenção não era matar e que tentou acordá-la, no entanto, percebeu que estava morta. Com medo de ser preso, o 2º sargento colocou o corpo no porta-malas do veículo e no outro dia, levou a filha, de 4 anos, para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia e o jogou à margem, em meio a um matagal.
Em seguida, Tamerson Ribeiro foi até a Base Aérea e chegou a se encontrar com uma acompanhante para “desabafar”, segundo ele. Não houve relacionamento sexual entre os dois e ele teria contado sobre seu relacionamento, sem mencionar que havia matado a esposa.
Quando a Polícia chegou à casa e o questionou sobre Natalin Maia, o militar disse que a esposa tinha ido embora. Também tentou despistar as amigas, respondendo as mensagens no celular se passando pela esposa. Tamerson Ribeiro chegou a dizer para a filha, antes do corpo ser localizado, que a mãe teria passado mal e morreu no hospital.
O 2º sargento foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, asfixia e feminicídio. A denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) também o acusa de ocultação de cadáver. No dia 3 de março, a Aeronáutica, através da BACG (Base Aérea de Campo Grande), pediu acesso à documentação do processo sobre o assassinato.
Segundo documento enviado ao juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, a Base Aérea afirma que precisa de acesso aos documentos que ajudarão no processo administrativo instaurado. Tamerson Ribeiro confessa ter carregado o corpo da esposa no porta-malas do veículo do casal, um Fiat Punto, entretanto, a primeira perícia não encontrou vestígios de que o corpo de Natalin Maia foi carregado no veículo.
Conforme o laudo, foram feitas diversas análises pelos peritos “à vista desarmada”, sendo que não foram encontrados vestígios como manchas de sangue, fios de cabelo ou outros objetos relacionados ao crime. A perícia sugeriu à polícia que o carro seja apreendido para análise laboratorial no Ialf (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses). O objetivo é ter uma resposta mais precisa sobre vestígios biológicos, não visíveis a olho nu no porta-malas.