O MPE (Ministério Público Estadual) manifestou-se contrário ao pedido de “acesso livre” dentro da base da FAB (Força Aérea Brasileira) em Campo Grande (MS) feito pela defesa do 2º sargento da Aeronáutica Tamerson Ribeiro Lima de Souza, 31 anos, que está preso no local desde 7 de fevereiro após confessar o assassinato da esposa Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos, no dia 4 de fevereiro.
Segundo a promotora de Justiça Luciana do Amaral Rabelo, o militar deve continuar preso preventivamente (por tempo indeterminado) em cela e não pode ter direito a circular livremente pelas dependências da Base Aérea de Campo Grande. Em parecer do dia 30 de março, ele considerou o crime imputado ao réu muito grave para que ele tenha “privilégios”.
No dia 23 de março, a defesa de Tamerson Ribeiro tentou mais uma vez a liberdade provisória do cliente, argumentando que quando foi preso não existia mais situação de flagrante. Em caso de não revogação da prisão, a defesa pede a substituição da cela na Base Aérea pelo confinamento domiciliar e a aplicação de outras medidas cautelares, uma vez que o militar tem alegando residência fixa, ocupação lícita e é réu primário, além de ser o responsável por filho menor de 12 anos – no caso, a menina de 4 anos, filha da vítima, que o 2º sargento registrou como sua.
Ainda de acordo com a defesa, na hipótese de decisão contrária a qualquer outro dos pedidos anteriores, o militar tenha a garantia de permanecer preso nas dependências da Aeronáutica, “não dentro de uma cela, mas sim dentro dos limites territoriais do quartel (pátio e alojamentos), podendo assim, inclusive, desempenhar atividades laborais internas”.
Para o MPE, não há ilegalidade na prisão do 2º sargento, pois ele também foi indiciado por ocultação de cadáver, crime de natureza permanente, e, por isso, no entendimento da acusação, não houve prescrição do flagrante. Além disso, a promotora de Justiça argumenta que é preciso manter o réu preso para dar resposta à sociedade.
Entenda o caso
O corpo de Natalin Maia foi encontrado na margem da BR-060, na saída para Sidrolândia, na tarde de 6 de fevereiro. Mas a investigação aponta que a jovem foi morta em casa. Tamerson Ribeiro alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e ela desmaiou.
Ele disse que a intenção não era matar e que tentou acordá-la, no entanto, percebeu que estava morta. Com medo de ser preso, o 2º sargento colocou o corpo no porta-malas do veículo e no outro dia, levou a filha, de 4 anos, para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia e o jogou à margem, em meio a um matagal.
Em seguida, Tamerson Ribeiro foi até a Base Aérea e chegou a se encontrar com uma acompanhante para “desabafar”, segundo ele. Não houve relacionamento sexual entre os dois e ele teria contado sobre seu relacionamento, sem mencionar que havia matado a esposa.
Quando a Polícia chegou à casa e o questionou sobre Natalin Maia, o militar disse que a esposa tinha ido embora. Também tentou despistar as amigas, respondendo as mensagens no celular se passando pela esposa. Tamerson Ribeiro chegou a dizer para a filha, antes do corpo ser localizado, que a mãe teria passado mal e morreu no hospital.
O 2º sargento foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, asfixia e feminicídio. A denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) também o acusa de ocultação de cadáver. No dia 3 de março, a Aeronáutica, através da BACG (Base Aérea de Campo Grande), pediu acesso à documentação do processo sobre o assassinato.
Segundo documento enviado ao juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, a Base Aérea afirma que precisa de acesso aos documentos que ajudarão no processo administrativo instaurado. Tamerson Ribeiro confessa ter carregado o corpo da esposa no porta-malas do veículo do casal, um Fiat Punto, entretanto, a primeira perícia não encontrou vestígios de que o corpo de Natalin Maia foi carregado no veículo.
Conforme o laudo, foram feitas diversas análises pelos peritos “à vista desarmada”, sendo que não foram encontrados vestígios como manchas de sangue, fios de cabelo ou outros objetos relacionados ao crime. A perícia sugeriu à polícia que o carro seja apreendido para análise laboratorial no Ialf (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses). O objetivo é ter uma resposta mais precisa sobre vestígios biológicos, não visíveis a olho nu no porta-malas. Com informações do Campo Grande News