A família de Edilsio Morais da Silva Filho, 18 anos, que era aluno do NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva) do Exército e morreu durante treinamento realizado no quartel do 9º BE Cmb (Batalhão de Engenharia de Combate do Exército), em Aquidauana (MS), anunciou que vai processar a União por negligência.
Segundo o tio do rapaz, Jean Ricardo Brites de Assunção, a família está em luto e recuperando forças para abrir processos e sindicâncias sobre a morte do sobrinho nas mãos do Exército. “Estive falando com minha cunhada mãe da vítima, ela disse que pretende abrir um processo contra o Exército e outro contra os militares responsáveis”, disse ao site Midiamax.
Para os familiares, a equipe de preparação arriscou a vida do rapaz por expor o militar a rotina exaustiva e punições. Após o dia de treino, Edilsio Morais teve que escrever uma redação de 50 linhas durante a madrugada, por ser punido ao usar uma meia costurada e atraso para entrar em formação.
Conforme dados do boletim de ocorrência registrado a partir de depoimento de um militar do Exército, os candidatos do curso de formação para o quadro de oficiais temporários se apresentaram no dia 14 de fevereiro. Naquele dia 16, o treinamento teria iniciado às 6 horas e, após o café da manhã, aconteceu o treino físico com término às 8h21, totalizando 41 minutos de treino.
Em seguida, a turma foi liberada para banho e troca de roupa para instrução teórica em sala. Foi neste momento que o militar foi informado de que Edilsio Morais deixava o alojamento em direção à guarda do 9º BE Cmb, vestindo apenas cueca, apresentando-se eufórico e ao mesmo tempo certo estado de confusão mental.
O aluno do NPOR foi abordado por um sargento, que conseguiu auxílio para que ele fosse encaminhado até o ambulatório. De lá, foi transferido ao hospital municipal, onde deu entrada às 10 horas e faleceu às 21 horas do mesmo dia. Por meio de mensagens e ligações para a mãe, Edilsio Morais contava a rotina exaustiva do curso, que foi punido por estar com uma meia costurada e que só conseguia dormir apenas uma hora por dia.
O rapaz seguiu para permanecer em regime de internato no NPOR na última segunda-feira (14). Desde então, como de costume, falava com a mãe para contar como foi o dia e manter o contato. Logo de início, ela ressaltava a preocupação, pois, por conta do longo tempo do treinamento, ele dizia que só conseguiria falar com ela a partir das 22h.
“Oi, mamãe. Acabei de tomar banho e lavar a roupa. Hoje foi ‘doido’, teve um momento em que me deram 30 segundos para ir no alongamento (corretor do celular da vítima alterou a palavra que seria alojamento) e voltar para formação. Atrasei um segundo e me mandaram fazer uma redação de 50 linhas”, disse o rapaz em mensagem.
Às 2h20 da madrugada de terça-feira (15) ele diz que precisa dormir para acordar às 3h30 e fazer a faxina no batalhão. “Volto 10 horas novamente. Beijos, te amo”. A mãe se preocupou com o descanso dele e questionou: “Você pode dormir agora?”. Mas ele responde: “Não, tenho que fazer outra redação agora de 50 linhas. Uma das meias que a senhora bordou estava rasgada, eles viram e tomei punição”. Ela em seguida ordena: “Faz logo e vai dormir”.
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