Que as redes sociais chegaram para ficar e estão contribuindo para aproximar bilhões de pessoas do planeta é fato, porém, essa tecnologia também pode ser usada para o mal. No Brasil, os criminosos descobriram as vantagens da Internet para ludibriar a população e estão se valendo das redes sociais para aplicar inúmeros golpes.
Segundo a Polícia Civil, os golpes mais famosos e que estão fazendo vítimas em Mato Grosso do Sul e nos outros Estados são: “Golpe do WhatsApp”, “Golpe do PIX Agendado” e o “Golpe do Nudes”. No caso do WhatsApp, os golpistas usam um número desconhecido de celular para entrar em contato via aplicativo de mensagens, mas a foto é de uma pessoa familiar.
Essa é a premissa do golpe que circula no WhatsApp, cujo objetivo dos criminosos é o mesmo: extorquir usuários que se deixam levar apenas pela imagem conhecida no perfil. A estrutura do golpe é simples e começa com o criminoso enviando uma mensagem em que diz que trocou de número, geralmente por ter deixado o telefone antigo em uma assistência técnica.
Logo em seguida, o estelionatário pede ajuda à vítima alegando que precisa fazer um pagamento, mas que está sem o aplicativo do banco no celular provisório. O fraudador pede uma transferência em dinheiro para alguma urgência, já que no novo celular o aplicativo do banco ainda não está autorizado a fazer esse tipo de transação.
Nesse golpe, o estelionatário tem a vantagem de ter informações pessoais da vítima, como o nome de familiares próximos. Isso acontece porque muitos usuários de redes sociais deixam o perfil aberto a desconhecidos e marcam em fotos amigos e parentes, divulgando o grau de parentesco com eles, um prato cheio para o fraudador.
Outra forma de os golpistas conseguirem os dados pessoais das vítimas é por meio de vazamentos de dados. Os estelionatários podem encontrar em alguns sites o nome completo, telefone, endereço, e-mail e até informações como CPF e RG. Diferentemente do que ocorre no golpe do WhatsApp clonado, o perfil verdadeiro pelo qual o estelionatário se passa não perdeu o acesso ao aplicativo de mensagens.
Dessa forma, a única maneira de o criminoso agir é criando uma conta nova e dizendo que supostamente teve um problema com o número antigo. Para evitar golpes desse tipo, a Polícia recomenda que os usuários mantenham o perfil em redes sociais disponível apenas para amigos e familiares. Além disso, é importante sempre desconfiar quando alguém pede dinheiro por aplicativos como o WhatsApp.
Golpe do PIX Agendado
No golpe do PIX agendado, circula pelas redes sociais que criminosos estariam usando a função de agendamento do PIX para aplicar golpes. De acordo com a mensagem que está sendo compartilhada na Internet, a vítima recebe uma notificação de um PIX de um desconhecido, que estaria na “opção agendada”.
Em seguida, a pessoa que enviou o dinheiro entra em contato e afirma ter feito a transferência por engano, solicitando o valor de volta. A vítima, então, faz um PIX no valor equivalente. Depois, o golpista cancela o agendamento realizado originalmente.
No entanto, o Banco Central esclarece que, embora exista a ferramenta de agendamento para o PIX, a descrição do tal golpe não passaria de um boato. Isso porque o banco que recebe uma transferência agendada não tem como saber que existe um PIX para uma conta em uma data futura.
Ou seja, a vítima não teria como receber uma notificação de um valor que caiu em sua conta, como descreve a mensagem que circula nas redes. Ainda segundo o BC, o recebedor só tem conhecimento da transação quando o agendamento chega à data marcada e quando o dinheiro cai na conta.
Um pagamento agendado pode ser cancelado a qualquer momento. Por isso, se alguém enviar uma mensagem afirmando que programou por engano uma transferência, ela mesmo pode voltar atrás. O BC diz que todas as operações do PIX são rastreáveis e que, a mando das autoridades judiciais, pode identificar os titulares das contas de origem e de destino de toda e qualquer transação.
A ferramenta de PIX agendado está disponível desde o lançamento da modalidade, em novembro passado, mas nem todos os bancos disponibilizaram a opção ainda. O agendamento passa a ser obrigatório para todas as instituições a partir de 1º de setembro. Já a opção de agendar um QR Code com data de vencimento passou a ser obrigatório.
Golpe dos nudes
Já no golpe dos nudes criminosos fingem ser pais e mães de menores de idade e inventam até uma delegacia fake. Tudo para exigir dinheiro de homens que acreditavam ter trocado fotos sensuais com as supostas jovens. Um homem troca mensagens apaixonadas e nudes com uma jovem que ele conheceu na Internet. Até que um dia, ele recebe este vídeo: “Peguei o telefone da minha filha e vi essas porcaria aqui. O que tu está pensando, seu pedófilo, seu doente? Minha menina tem 13 anos. É só uma criança. Tu tá louco da cabeça?”.
A mulher ameaça: “Isso não vai ficar assim. Eu vou na delegacia, vou registrar uma ocorrência contra tu. Vou mandar o delegado te prender. Seu doente, seu pedófilo. Sem vergonha. Onde já se viu fazer uma coisa dessa”. A mulher não é mãe de ninguém. A tal filha, menor de idade, simplesmente não existe e o perfil na Internet é falso.
Depois do primeiro vídeo com as ameaças, eles também costumavam mandar mensagens de áudio, se passando por pais ou parentes da suposta menina. Os golpistas mentem que a menor estaria traumatizada, precisando de psicólogo. A quadrilha exige dinheiro para o tratamento e para não levar o caso à Polícia. Alguns homens dão o dinheiro já neste momento. Outros homens desconfiam, não caem na extorsão de imediato.
Para pressionar os homens que acreditavam ter trocado nudes com uma menor, os criminosos vão além e alguns até criaram o cenário de uma delegacia de mentira, com até dois falsos policiais de figurantes. Tudo para a atuação da golpista no papel de uma mãe desesperada. A Polícia diz que os vídeos produzidos pelos criminosos gaúchos vazaram na Internet e foram usados por quadrilhas de outros Estados.
A recomendação da Polícia Civil é desconfiar de qualquer tipo de pedido de dinheiro via redes sociais ou ameaças como no caso de troca de nudes. O melhor a fazer é procurar a Polícia e registrar um boletim de ocorrência para evitar prejuízos no bolso. Como já diz o ditado: canja de galinha e cautela não fazem mal a ninguém!