PF revela que Major Carvalho usou de máscaras a termômetros para esconder tráfico de drogas

Ao longo das investigações da “Operação Enterprise”, realizada em vários Estados brasileiros no dia 23 de novembro de 2020, a Polícia Federal descobriu que o ex-major PM Sérgio Roberto de Carvalho, mais conhecido como “Major Carvalho”, camuflava o dinheiro adquirido com a venda de toneladas de cocaína saídas do Brasil para a Europa com imóveis milionários no exterior e cargas com máscaras e materiais hospitalares usados no combate a disseminação do coronavírus.

Segundo a PF, diversas transações bancárias referentes a compra de mansões na Espanha e em Portugal foram interceptadas durante as investigações e o nome que aparecia como proprietário dos imóveis, no entanto, era uma das muitas identidades falsas usadas por Major Carvalho: Paul Wouter. No entanto, com a operação e a prisão da irmã de Major Carvalho, Lucimara Carvalho, um novo “nicho de mercado” da organização criminosa foi descoberto.

Mensagens encontradas no celular da mulher constataram a compra de milhões de máscaras e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) da China. A interceptação telefônica realizada pela Polícia Federal foi divulgada pelo colunista do portal UOL, Josmar Jozino. Segundo matéria publicada nesta quinta-feira (13), Major Carvalho usou a pandemia para lavar dinheiro do tráfico de cocaína para Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda e Alemanha.

Por WhatsApp, os irmãos negociaram com uma mulher identificada por eles como Kelly, direto da China. Seguindo as ordens do ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Lucimara garantiu a importação de milhares de equipamentos de teste para covid-19, máscaras de proteção e termômetros. A carga chegou ao Brasil em junho de 2020, no Boeing 747-400F, um cargueiro de 400 toneladas que pousou no aeroporto internacional de Florianópolis com a descrição de que os produtos haviam sido adquiridos por um importador privado.

Nas mensagens interceptadas pela polícia, no entanto, fotos da aeronave em um aeroporto da China foram encontradas nas conversas entre as duas mulheres. Armazenados no aparelho de Lucimara, também estavam prints e documentos judiciais sobre uma “ação contra o estado de São Paulo referente ao aparente cancelamento de uma nota de empenho de R$ 104,4 milhões para compra de 36 milhões de máscaras de proteção”.

Para a PF, o documento prova que a organização criminosa tentou vender os equipamentos contra covid-19 comprados na China com dinheiro do tráfico para o Estado de São Paulo. O negócio só não foi concluído, segundo os relatórios de investigação, por conta de um atraso na entrega e, consequentemente, a rescisão do contrato. Lucimara é apontada como integrante do núcleo financeiro da organização e hoje cumpre prisão domiciliar. Com informações do site Campo Grande News