A prisão da narcotraficante Camila Zeballos Villa Alta, 28 anos, mais conhecida como “Patroa do Tráfico” em Mato Grosso do Sul, acabou por levar para a cadeia o seu marido, o também criminoso Maurício Alberto Pallos de Souza, 30 anos, mais conhecido como “Mau-Mau”. Ele foi preso ontem (10) em Salvador (BA) menos de 24 horas depois que a mulher dele ter caído aqui no Estado acusada de ser dona das sete toneladas de maconha apreendidas pela Defron (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Fronteira) em Ponta Porã (MS).
“Mau-Mau” foi flagrado por policiais baianos com veículos roubados que seriam usados no tráfico. A Polícia da Bahia estava no encalço dele após policiais de Mato Grosso do Sul descobrirem que a quadrilha chefiada pelo criminoso e a esposa dele é uma das principais fornecedoras de maconha e pasta-base de cocaína para aquele Estado, além de levar droga para Minas Gerais e São Paulo.
Com extensa ficha criminal em Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas, inclusive latrocínio (roubo seguido de morte), “Mau-Mau” é apontado como líder da facção “Bonde do Maluco”, uma das principais quadrilhas do chamado “Novo Cangaço”, responsável por assaltos a agências bancárias e carros-fortes em vários estados brasileiros.
Segundo as investigações da Defron, Camila Villa Alta e Rodrigo Ribeiro da Silva, 35 anos, apontado como gerente da quadrilha, eram os responsáveis pela remessa de drogas da fronteira para os outros Estados. Localizada pela Polícia na terça-feira (9) no aeroporto de Dourados, a “Patroa do Tráfico” preparava-se para embarcar para a capital baiana com as duas filhas, de 5 e 8 anos de idade.
Em Salvador, ela esperava ser protegida pela facção do marido, pois a Defron já havia descoberto a ligação dela com a carga. Camila Villa Alta também é suspeita de ter ordenado a execução de dois homens e uma mulher, na semana passada, em Ponta Porã. As vítimas seriam integrantes da quadrilha chefiada por ela e pelo marido e teriam sido executadas por “problemas internos”.
A própria “Patroa do Tráfico” teria degolado Wathylla Pereira Soares, 26 anos. Natural de Araguaína (TO), ele foi encontrado morto no fim da tarde de quarta-feira (3) em uma rua de terra na região do Jardim Monte Alto, próximo à MS-164, em Ponta Porã. No dia seguinte, a 100 metros do local onde Wathylla foi degolado, foram encontrados os corpos de Adeilton Rocha dos Santos, 52 anos, natural de Flexeiras (AL), e de Maria Carolina Alves Pulquerio, 18 anos, natural de Anápolis (GO). Os dois foram executados com tiros de pistola 9 milímetros.
No auto de prisão em flagrante relatado ao Poder Judiciário, o delegado Rodolfo Daltro, titular da Defron, pediu a prisão preventiva de Camila Villa Alta e Rodrigo Silva por indícios de integrarem “sofisticada associação para o tráfico”. Ela e os outros quatro presos estão na Polícia Civil em Ponta Porã. Rodrigo continua internado, sob escolta policial.
A quadrilha chefiada por Camila e “Mau-Mau” enviava os carregamentos de maconha e pasta-base escondidos em cargas aparentemente lícitas, principalmente de aveia, fertilizante e fardos de água mineral. Em janeiro deste ano, policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) apreenderam três toneladas de maconha despachados pela quadrilha sob fardos de água mineral em um caminhão-baú interceptado na região conhecida como “Copo Sujo”, nos limites dos municípios de Ponta Porã, Dourados e Maracaju.
O caminhão estava sendo conduzido por morador de Anastácio (MS). Ele alegou ter sido contratado na cidade onde mora por pessoas desconhecidas e levado até Ponta Porã, onde pegou o caminhão já carregado para seguir viagem até Campo Grande. No depósito descoberto segunda-feira em Ponta Porã, as equipes da Defron encontraram vários fardos de água mineral que seriam usados para disfarçar carregamento de drogas.
A maconha que era colocada na carreta quando os policiais chegaram ao barracão estava sendo disfarçada com sacos de fertilizante, mas a Defron acredita que a água mineral seria usada no próximo carregamento. Em julho de 2014, Maurício Alberto Pallos de Souza, na época com 24 anos, e Jadielson da Paixão Cerqueira, o “Cheio de Ódio”, então com 22 anos, mataram Fábio de Assis Lopes, 34, em Lauro de Freitas, cidade na região metropolitana de Salvador.
Fábio conversava com três amigos quando Maurício, Jadielson e outros dois bandidos chegaram em um Vectra. A quadrilha tentou roubar a corrente de ouro de Fábio. Um dos amigos da vítima era policial e reagiu. Houve troca de tiros. Fábio foi atingido e morreu. Presos dois meses depois, Maurício e Jadielson afirmaram que estavam sob efeito de crack e cocaína e que não tinham a intenção de matar ninguém.