Até que enfim chegou o grande dia, um dos mais esperados dos últimos tempos. Nessa segunda-feira foi aberta oficialmente no Hospital Regional, em Campo Grande, a vacinação contra o Coronavírus em um ato simbólico. A imunização, que agora continuará com a distribuição de vacinas para os municípios a partir desta terça (19), envolverá 158.760 doses, com foco nos grupos prioritários.
A vacinação começou com 4 pessoas: a indígena Domingas da Silva, de 91 anos, moradora da aldeia Tereré em Sidrolândia –a 71 km de Campo Grande–, a primeira sul-mato-grossense a ser imunizada; Maria Bezerra de Carvalho, que fará 83 anos na próxima segunda-feira e é moradora do Asilo São João Bosco; o médico Márcio Estevão Midom, 43, que sozinho tratou de mais de 100 pacientes com o novo coronavírus; e da auxiliar de enfermagem Sandra Maria de Lima, 40.
Dos imunizantes, que incluem duas doses por paciente, as 97 mil doses iniciais vão beneficiar 48,5 mil pessoas e a prioridade está entre os indígenas, profissionais da saúde e idosos portadores de deficiência que estão em instituições de abrigo.
As doses foram recebidas na Base Aérea de Campo Grande pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, de onde seguiram para a Rede de Frio da SES –onde ficará armazenada a baixas temperaturas enquanto é feito o rateio entre as cidades e a distribuição propriamente dita.
A enfermeira Sandra, que esteve na linha de frente até agora na pandemia dentro do HR, se disse emocionada e agradecida por receber o imunizante. Ela ainda aproveitou para fazer um apelo à população.
“Sou imunizadora há muito tempo e falo para toda a população: não tenham medo. Se vacinem. Se chegou na sua hora na fila de prioridade, vá se vacinar. A vacina é nossa única esperança”.
O quarteto representa, justamente, os grupos prioritários para a imunização. Após o ato, o Almoxarifado da SES dará encaminhamento à distribuição de vacinas, que serão entregues às quase 600 salas de vacinação do Estado por uma força-tarefa da Segurança Pública, envolvendo Corpo de Bombeiros e as Polícias Civil e Militar.
A intenção é que os municípios iniciem a imunização da população já nesta terça-feira, a partir das 8h .Para o médico, a vacina é a “vitória da ciência”, capaz de ajudar a salvar vidas. A expectativa é de que ele, com o profissional de Saúde, inspire outras pessoas que estejam nos grupos prioritários a também se imunizarem. “Que essa vacina possa reduzir o número de internações e de pacientes graves”.
AS ESCOLHAS
A escolha do grupo dos imunizáveis neste momento, que sofreu alterações por parte do Ministério da Saúde, foi destacada por Geraldo durante discurso no ato. Segundo ele, a ordem foi para que se priorizassem idosos, mais suscetíveis às complicações, e os profissionais de Saúde que atuam em UTIs e prontos-socorros e que são referência no atendimento à Covid.
Ele ainda lembrou que Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do país, sendo prioritária sua imunização por conta de sua vulnerabilidade –com isso, o Estado acabou recebendo um todo de vacinas próximo ao de outras unidades da federação mais populosas.
Emocionado, Geraldo afirmou ser este “um momento muito importante” para a Saúde. “Este ato simboliza claramente a vitória daqueles que acreditam na ciência, que acreditam que vale lutar pela vida, e no Sistema Único de Saúde, a quem peço uma salva de palmas”. “Viva a vida, viva a ciência, viva o SUS”, finalizou ele.
PRESSA
Ele ainda destacou que a vacina chegou, “mas em número reduzido”, ao passo que o Estado ainda lida com um vírus de alta taxa de letalidade, e fez apelo para que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) libere, logo, as 4,6 milhões de doses de CoronaVac produzidas pelo Butantan –a autorização emergencial envolvendo as 6 milhões de doses agora distribuídas alcançou apenas os imunizantes importados da China.
“O Butantan já produz 1 milhão de doses por dia. Precisamos do registro da Oxford, da russa [Sputinik-V], da Moderna, Pfizer e tantas outras quanto necessário for”. Segundo o governador, quanto maior a cobertura vacinal, menor a pressão por internações.
Depois, em entrevista coletiva, Reinaldo afirmou que seguirá as diretrizes do PNI (Plano Nacional de Imunização), reforçando que o trabalho, agora, deve ser de velocidade para que os laboratórios tenham autorizado o registro de suas vacinas, “para que rapidamente tenhamos mais doses disponíveis”. Com infos Midiamax