Tretas do Trutis: Corregedoria da Câmara Federal abre processo contra deputado
O futuro político do deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, começa a ser definido pela Câmara dos Deputados. Acusado pela Polícia Federal de forjar um atentado contra si e preso no último dia 12 de novembro com arma de fogo sem registro, ele tem cinco dias para apresentar defesa na Corregedoria da Casa de Leis e, após esse prazo, será aberto processo para decidir se teve quebra de decoro parlamentar, o que pode levar à cassação do parlamentar.
Segundo o deputado federal Paulo Bergston (PTB-PA), que é o responsável pela Corregedoria da Câmara dos Deputados, abriu o inquérito interno após o STF (Supremo Tribunal Federal) enviar ao Parlamento os detalhes do caso em que Tio Trutis é acusado pela ministra Rosa Weber de porte de arma de uso restrito, disparos de arma de fogo em via pública e falsa comunicação de crime de atentado.
Até o momento, nenhum partido ainda entrou com representação contra o “nobre” parlamentar, mas duas bancadas com representação de deputados de Mato Grosso do Sul buscam informações sobre os desdobramentos da operação que prendeu Tio Trutis para pedir providências. O PT, que no Estado tem o deputado federal Vander Loubet em seu quadro, é um dos que estariam de olho, apesar de não confirmar nada oficialmente.
Seguindo as normas internas, após Trutis apresentar suas justificativas, a Corregedoria Parlamentar elabora um parecer que decide se ele quebrou ou não o decoro e o encaminhamento ou não à Mesa Diretora, responsável por abrir o caso no Conselho de Ética. A Casa de Leis ainda não tem conhecimento dos autos, mas essa é a praxe em casos do tipo, sendo que o julgamento na Câmara tem teor político.
Conforme o tipo de representação, cabe desde reprimenda, suspensão de mandato por até seis meses, ou a perda de mandato. Para essa última pena valer, o julgamento de Trutis será no plenário. Trutis não fala com a imprensa sul-mato-grossense. Desde a sua prisão, ele só se manifesta sobre os fatos pelas redes sociais. Na última postagem, no dia 13, às vésperas da eleição municipal, reiterou que não foi preso e que os fatos apresentados são mentirosos.
Segundo a PF, Tio Trutis forjou atentado em fevereiro deste ano, na BR-060, entre Sidrolândia e Campo Grande. Além disso, arquitetou esquema para ter acesso a armas por meio de laranjas, já que tem impeditivo legal para isso. Declaração do próprio parlamentar informou à PF que ele responde a processo por violência doméstica e por isso não pode registrar armas em seu nome.
No dia da operação, acabou preso por estar com material bélico para o qual não possui autorização, em sua casa em Campo Grande. Os policiais encontraram três armas de fogo da marca Taurus: uma pistola 9 mm, um revólver calibre 357 e o fuzil 5.56. Pelo artigo 53 da Constituição Federal, Trutis cometeu crime inafiançável e deveria ficar preso, já que fuzil é arma considerada de uso restrito, mas as penas mudaram para o flagrante de arma de fogo. Com informações do jornal O Estado MS