As trapalhadas cometidas pelo empresário campo-grandense Jamil Name, 83 anos, durante audiências de instrução e julgamento conduzidas pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, nos meses de abril e junho deste ano lhe renderam mais uma punição da Justiça. O juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, decretou a prisão preventiva do octogenário por ter ameaçado testemunha de morte e proposto propina de até R$ 600 milhões para “ministro” tirá-lo da cadeia.
Segundo a decisão do magistrado, que acatou pedido feito pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), o mandado de prisão preventiva tem validade até 27 de abril de 2036 e é o 5º contra Jamil Name, que é já está preso no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, sob acusação de chefiar grupo de extermínio na Capital em parceria com o filho, Jamil Name Filho, 43 anos.
Preso desde 27 de setembro do ano passado na Operação Omertà, ele pediu, durante audiência judicial, que Roberto Ferreira Filho levasse um recado ao seu superior, um ministro em Brasília (DF), que estava disposto a pagar de R$ 100 milhões a R$ 600 milhões em troca da sua liberdade. A defesa entendeu que se trata do ministro Rogério Schietti da Cruz, relator da Omertà no STJ (Superior Tribunal de Justiça). O caso também é analisado pelo ministro Marco Aurélio de Mello, no STF (Supremo Tribunal Federal).
Em outra audiência, o octogenário interrompeu o depoimento do policial civil Giancarlo de Araújo e Silva, do Garras, para ameaçá-lo de morte. “Esse merece morrer”, ameaçou o empresário, em videoconferência direto do Presídio Federal de Mossoró (RN), onde está isolado desde outubro de 2019. “Veja-se que em duas ocasiões distintas o representado Jamil Name supostamente agiu dolosamente de forma a interferir no trâmite de ações penais movidas em seu desfavor”, pontuou na decisão o juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian.
O magistrado completa que tais fatos foram destacados pelo MPE (Ministério Público Estadual). “Se a situação de preso cautelarmente em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) não bastou para que, ao se utilizar das raras oportunidades de contato com o ambiente externo, praticasse os crimes de corrupção ativa e impedir ou embaraçar a persecução penal de organização criminosa, com muito mais certeza a situação de liberdade proporcionaria ao requerido a prática de novos, graves e violentos crimes, especialmente aqueles voltados para assegurar a impunidade dos crimes pelos quais se vê investigado ou processado’”, observou.
Em decorrência dessas declarações polêmicas, os advogados de Jamil Name pediram a realização de exame para atestar a sanidade mental do empresário. O objetivo é interditá-lo para desqualificar as declarações para evitar as condenações pelos crimes descobertos na Operação Omertà.