Em entrevista ao site Valor Econômico, o governador Reinaldo Azambuja voltou a afirmar que, mesmo com Mato Grosso do Sul tendo a menor incidência de casos do novo coronavírus (Covid-19) do Brasil, descarta afrouxar a política de isolamento social diante dos bons resultados. “A economia, nós conseguimos recuperar, vidas perdidas, não”, declarou, referindo-se ao fato de o Estado ter contabilizado, até terça-feira (19), 642 casos confirmados e 16 óbitos.
Segundo o governador, dos 296 leitos de UTI disponíveis para o tratamento da doença, oito estão ocupados e um hospital de campanha ficou pronto, mas não teve necessidade de inauguração. Azambuja destacou que é preciso conter o “radicalismo” e que “chega de apontar o certo e o errado”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro, mas também a outros governadores. “Meu finado pai ensinava: vamos desarmar os espíritos”, disse o governador, que está no segundo mandato.
Para ele, os bons resultados são frutos das operações e medidas tomadas no início da pandemia. “O mais importante foi termos montado um centro de operações em 31 de janeiro. Conseguimos frear muito a disseminação do vírus por causa do isolamento desde março. Antevíamos o risco de um problema grande e colocamos várias secretarias para trabalhar em conjunto na questão sanitária. Ampliamos em 43% a disponibilidade de UTIs, implantamos teletrabalho no funcionalismo, suspendemos aulas presenciais, criamos uma plataforma digital para oferecer 70 serviços aos cidadãos. Também instalamos 17 barreiras sanitárias nas divisas do Estado e fechamos fronteiras com Bolívia e Paraguai, além da suspensão”.
Ele ressaltou que são 296 leitos de UTI disponíveis na rede pública e na rede privada que contratamos, sendo que, oito estão ocupados. “Ainda é uma situação relativamente confortável, mas com trajetória ascendente. Há um total de 800 leitos clínicos. Temos um hospital de campanha pronto em Campo Grande, ao lado do hospital regional de referência, mas só vamos colocá-lo em funcionamento quando atingirmos 70% de ocupação”.
Ele falou também da situação no interior do Estado. “Em Guia Lopes da Laguna, tivemos o maior volume de contaminados devido à contaminação em um frigorífico local. De uma população de 10 mil habitantes, 92 foram infectados. Muitos se contaminaram compartilhando tereré [espécie de chimarrão gelado típico da região]. Agora há lockdown e um controle muito restrito. Não proibimos atividades produtivas. Conseguimos montar protocolos de segurança no setor industrial e na agroindústria. Houve diminuição, mas não paralisia”, declarou.
No fim da entrevista, o governador voltou a ressaltar que não é hora de afrouxar o isolamento social, mesmo diante dos bons números. “Vamos manter a vigilância e o isolamento, especialmente por causa dos idosos. Não é o caso de afrouxar os protocolos. Temos bons resultados. Ainda há lugares com crescimento exponencial [de casos]. Agora é hora de manter a vigilância e o isolamento”, finalizou.