Uma coisa que ninguém pode negar é que o ex-deputado federal e ex-ministro Carlos Marun, filiado ao MDB de Mato Grosso do Sul, cultiva boas relações com os poderosos, tanto do Estado, quanto de Brasília (DF). Se nos tempos de amizade com o ex-governador e ex-prefeito André Puccinelli lhe valeram secretarias na Prefeitura de Campo Grande e no Governo do Estado, o mesmo pode ser dizer quando cumpriu seu mandato de deputado federal na Câmara dos Deputados sob o comando do ex-presidente da Casa de Leis, Eduardo Cunha (MDB), e depois como ministro do então presidente da República, Michel Temer (MDB).
Essa boa articulação junto aos poderosos lhe renderam, no último dia do mandato de Michel Temer à frente da Presidência do Brasil em 2018, um cargo no Conselho Administrativo da Itaipu Binacional, que lhe rende, mensalmente, o “mísero” salário de R$ 27 mil. Cargo esse que chegou a ser ameaçado quando tomou posse o atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), pois chegou a ter a nomeação suspensa por liminar concedida pelo desembargador Rogério Fraveto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que acatou pedido feito em ação popular.
Porém, apesar dos percalços, Carlos Marun acabou sendo efetivado no cargo em setembro de 2019 pelo placar de 2 a 1 pela 3ª Turma do TRF4. E não é que, depois de conseguir permanecer na função, o político do Estado conseguiu convencer Jair Bolsonaro que um bom nome para continuar na função e, na semana passada, o presidente reconduziu o ex-deputado federal e ex-ministro para mais um mandato no Conselho de Administração da Itaipu Binacional, garantindo o polpudo salário até maio de 2024, tendo apenas de participar de uma reunião a cada dois meses.
A nomeação de Marun foi feita em edição extra do Diário Oficial desta sexta-feira (15), junto com o ex-deputado José Carlos Aleluia (DEM/BA), delatado pela Odebrecht, e o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque. Polêmico e sortudo, Marun ganhou o cargo no último dia da gestão de Temer, em dezembro de 2018, e chegou a ter a nomeação suspensa por liminar concedida pelo desembargador Rogério Fraveto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que acatou pedido feito em ação popular. Ele acabou sendo efetivado no cargo em setembro pelo placar de 2 a 1 pela 3ª Turma do TRF4.
O advogado catarinense Rafael Evandro Fachinello e do Ministério Público Federal apontaram que Marun não tinha capacidade técnica nem conduta ilibada para o cargo de conselheiro. Além disso, ele sempre teve atuação política no MDB, partido pelo qual foi deputado federal por Mato Grosso do Sul. Marun ganhou fama nacional ao ser chamado de pit bull de Cunha, que acabou sendo cassado, preso e condenado por corrupção na Operação Lava Jato. Ele chegou a usar verba da Câmara dos Deputados para visitar o ex-deputado na prisão em Curitiba (PR), onde foi condenado pelo então juiz Sergio Moro.
Com a cassação de Cunha, o sul-mato-grossense passou a integrar a tropa de choque de Temer na Câmara dos Deputados. Ele provocou polêmica ao dançar para festejar o impedimento das denúncias contar Temer, acusado de receber propina da JBS e comprar o silêncio para impedir a delação premiada de Eduardo Cunha. Ele foi ministro chefe da Secretaria de Governo na gestão de Temer, quando se tornou alvo da Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal, que apura fraude na emissão de registros de entidades sindicais no Ministério do Trabalho e Emprego.
Em Campo Grande, Marun é réu em ação por improbidade administrativa por irregularidades que causaram prejuízos de R$ 16,3 milhões à Agehab (Agência Estadual de Habitação). Ele foi presidente do órgão na gestão de André Puccinelli (MDB), que acabou preso e virou réu por desvio de recursos públicos na Operação Lama Asfáltica. Quando Marun foi nomeado por Michel Temer, os eleitores de Bolsonaro fizeram movimento pela anulação do ato. No entanto, Marun acabou mantido no cargo. Agora, com a recondução para mais quatro anos, ele acaba sendo efetivado definitivamente no Conselho de Administração da Itaipu.