A picada da “mosca azul da política” começa a fazer efeito no presidente da Santa Casa de Campo Grande, Esacheu Nascimento. Ignorando à pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19) e, com certeza, em meio à maior e mais séria crise da saúde vivida no Brasil, e por consequência em Campo Grande, o advogado anunciou a renúncia do cargo do maior hospital do Estado, para tentar viabilizar sua candidatura a prefeito da Capital pelo PP.
Segundo o site VoxMS, ele teria anunciado a renúncia do cargo de presidente do maior hospital de Mato Grosso do Sul na noite de quinta-feira (26), mostrando sua verdadeira fase para a população de Campo Grande, que é a de quem está mais preocupado em tentar um cargo político do que de contribuir no combate ao Covid-19. No lugar dele, quem deve assumir a Santa Casa é o economista Heber Xavier, que está há apenas 3 meses na condição de vice-presidente, sem experiência em gestão hospitalar e que terá como vice o corretor de imóveis Heitor Freire.
A reunião em que Esacheu Nascimento apresentou a carta de renúncia aconteceu diante de conselheiros e colaboradores do hospital. À frente da Santa Casa desde 2016, ele foi reeleito no fim do ano passado a mais um mandato e, claramente, deixa claro que o hospital foi apenas um trampolim para tentar ocupar a cadeira de prefeito de Campo Grande, mesmo depois de ter fracassado na disputa por uma vaga de deputado federal pelo MDB.
Esacheu é pré-candidato a prefeito de Campo Grande pelo Partido Progressista, do ex-prefeito Alcides Bernal, ao qual se filiou no ano passado. Em seu discurso de despedida, o progressista assim se manifestou: “Quero dizer que em relação a Santa Casa, saio por decisão da legislação que é vigente, mas quero dizer que não estarei distante.”
Alguns políticos consultados e que preferiram se manter no anonimato, acreditam que a renúncia se deu não por conta da legislação eleitoral, mas “por motivos que são de conhecimento apenas do próprio renunciante”. “Se na condição de presidente do maior hospital do Estado ele não teve coragem para permanecer no cargo ao se ver diante desta pandemia do novo coronavírus, como irá enfrentar outros desafios, que são inúmeros, à frente da Prefeitura de uma cidade como Campo Grande?”, questionou um deles.
Esacheu Nascimento vem alcançando notoriedade na Capital na mesma proporção em que mês a mês amplia-se o déficit financeiro do hospital que presidia, o maior do Estado, que hoje está em mais de R$ 290 milhões, segundo comissão da Câmara Municipal, que em novembro do ano passado divulgou o relatório final da análise das contas da instituição de saúde.
O hospital estava até então afundado em dívidas com fornecedores, com folha de pagamento de prestadores de serviços em atraso, numa situação pré-falimentar, segundo relatório da comissão da Câmara Municipal assinado pelo vereador Wellington de Oliveira (PSDB), o Delegado Wellington.
A situação da Santa Casa, devido à má-gestão, é hoje pior do que na época em que a Prefeitura e o Governo do Estado promoveram intervenção para tentar sanear as contas da instituição, que em 2005 giravam em torno de R$ 57 milhões. Após oito anos, em 2013 o poder público devolveu o hospital à ABCG com dívidas de R$ 160 milhões.
A ABCG conseguiu reduzir a dívida para R$ 50 milhões no final de 2015, quando a entidade era presidida por Wilson Teslenco. Quatro anos depois, no fim do segundo mandato de Esacheu Nascimento (ele foi eleito no início de novembro passado para uma terceira gestão na presidência) esse valor subiu para R$ 290 milhões em 2019, segundo a Câmara Municipal.
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