O prefeito de Ponta Porã, Helio Peluffo Filho, não digeriu muito bem o alerta emitido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, que não recomenda aos cidadãos norte-americanos viagens para a faixa de fronteira do Brasil devido à falta de segurança.
“Não conheço as razões mais a fundo desse alerta, mas acho um exagero. Não tem como precisar como vai afetar, mas qualquer notícia ruim prejudica. A gente sofre muito com as notícias negativas da região, mas que acontecem no país vizinho. Vivemos mar de calmaria há vários meses, céu de brigadeiro. A fronteira está extremamente tranquila”, afirmou o prefeito ao site Campo Grande News.
No entanto, Helio Peluffo parece viver um “universo paralelo”, já que somente no ano de 2019 a região de fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul registrou 156 execuções, podendo ser classificado como um dos mais violentos dos últimos 10 anos.
Para se ter uma ideia, foi uma média de 12 assassinatos por mês no ano passado, sendo 11 em janeiro, 9 em fevereiro, 15 em março, 8 em abril, 9 em maio, 20 em junho, 17 em julho, 12 em agosto, 16 em setembro, 15 em outubro, 16 em novembro e 10 em dezembro. Além disso, de 1º de janeiro deste ano até o momento, já são quatro execuções.
Somente em Ponta Porã, conforme a Polícia Civil, foram 54 homicídios dolosos no município. A taxa de homicídio foi de 58,4 mortes para cada 100 mil habitantes. A ONU (Organizações das Nações Unidas) considera aceitável taxa de até 10. No ano de 2018, Ponta Porã, que tem população de 95.526 pessoas, teve 32 assassinatos.
A análise é de que tanto sangue vem no rastro do tráfico de drogas. “O que acontece na fronteira é relacionado ao tráfico de drogas. Não há município e Estado que tenha capacidade física, econômica para cuidar de uma fronteira dessa. Se for discutir índice de criminalidade, pergunte ao governo federal qual política vai fazer. Não tem investimento da União, o prédio da Polícia Federal é antigo, efetivo pequeno”, afirmou o prefeito.
Já equipes da Força Nacional de Segurança flutuam pelo município. “De vez em quando está em Ponta Porã, de vez em quando não está. A Prefeitura não tem acesso a isso”, disse Peluffo, completando que está preocupado com a saída do MPF (Ministério Público Federal) da cidade, que alegou medo da violência e os procuradores foram transferidos para Dourados. “Mas, na minha opinião pessoal, foram embora por comodidade”, disse.