As sedes de órgãos da Polícia e do Poder Judiciário, que desencadearam, na sexta-feira (27), a força-tarefa que prendeu Jamil Name e o filho dele, Jamil Name Filho, estão com algumas faixas afixadas, as quais trazem frases com parabéns pelas prisões. Enquanto isso, a Polícia segue as buscas e oferece até recompensa a partir de R$ 2 mil a quem tiver informações sobre o paradeiro dos pistoleiros José Moreira Freitas, o “Zezinho”, e Juanil Miranda Lima, que atuavam a serviço da milícia.
Os banners dizem que “as famílias agradecem os heróis que prenderam a milícia que mata” e “queremos justiça”. Foram colocados em frente aos prédios do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), do Batalhão de Choque e na entrada do Parque dos Poderes, próximo ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Na manhã de domingo (29), dois dias depois de deflagrada a operação, uma faixa nos altos da Avenida Mato Grosso, na entrada do Parque dos Poderes, deixou muita gente curiosa. Ao lado da imagem de personagem do conto Flautista de Hamelin, com desenho também de um rato e de um gato preto, é feita a pergunta: “O que acontece com o rato que solta o gato?”
Recompensa
As fotos de procurados de Juanil e José foram divulgadas na tarde de ontem (30) pelo Garras e pelo Gaeco. Juntos, os dois formam o quarto núcleo da organização criminosa, o da execução. Segundo a investigação, eles recebiam ordens diretas de Jamil Name e Jamil Name Filho. Eram os líderes do grupo de extermínio que definiam as missões, custeavam todas as atividades do grupo e por forneciam o material necessário às execuções, como armas, munições, veículos, imóveis, dinheiro e até proteção.
A investigação encontrou provas de que juntos os pistoleiros planejaram detalhadamente a morte do capitão reformado da Polícia Militar Paulo Xavier, mas no dia 4 de abril deste ano acabaram tirando a vida do filho dele, Matheus Coutinho Xavier, de apenas 20 anos, por engano.
Para levantar informações sobre o paradeiro e rotina de Xavier, a dupla montou uma “ação de inteligência” e chegou a contratar um hacker para rastrear o capitão reformado em tempo real. O plano, no entanto, não saiu como planejado.
Em depoimento, a testemunha contou que foi contrato depois de publicar um anúncio oferecendo serviços de formatação de computadores e também de detetive. Como não sabia um jeito de rastrear a vítima em tempo real, pediu em um grupo de hackers e recebeu ajuda e outro estado.
A solução encontrada pelo desconhecido foi se passar por mulher e tentar marcar um encontro com o alvo para coletar o maior número possível de informações. Xavier, no entanto, não foi e acabou descobrindo pelo próprio hacker a verdade sobre o contato e a tentativa de emboscada. Caso tivesse aparecido, morreria cerca de um mês antes da execução do filho.
Sem sucesso com o “rastreamento remoto”, os pistoleiros passaram a rodear a casa do capitão reformado. Na época, Zezinho já estava condenado pela morte do delegado aposentado Paulo Magalhães, mas aguardava em liberdade, com uso de tornozeleira eletrônica, a decisão sobre recurso da pena definida em julgamento.
Foi justamente através do equipamento de monitoramento que a polícia conseguiu comprovar que dias antes do crime ele passou em frente ao local do crime com o mesmo carro usado na execução. Depoimentos e imagens apreendidas durante as investigações também ligam os dois ao assassinato de Ilson Martins Figueiredo, chefe de segurança na Assembleia Legislativa. Na conta de Juanil no Google Drive foram encontradas 26 fotografias da execução do policial militar, que aconteceu em junho de 2018.
Parentes do pistoleiro ainda confirmaram em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) a participação dele nos dois crimes e detalharam que José Moreira era o responsável por arrumar os “trabalhos ilegais” para Juanil desde que eles se conheceram na Guarda Municipal.
Hoje, os dois estão com a prisão preventiva decretada, mas não são vistos desde o dia 23 de abril, quando o hacker contratado por eles foi ouvido na sede de DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídio). Conforme apurado pela reportagem, a polícia encontrou indícios de que o rapaz também seria executado pelos pistoleiros como “queima de arquivo”. No entanto, ele foi encontrado e levado para a unidade antes do crime.
Para a polícia principal suspeita é que Juanil e José Moreira tenham fugido do país. Quem tiver informações sobre o paradeiro dos suspeitos pode entrar em contato, de forma anônima, pelos telefones: (67) 98462 9173 ou (67) 3357 9500.