Os agentes penitenciários do Presídio de Emboscada, José María Gómez, 39 anos, e Ángel Manuel María Cuevas Rojas, 31 anos, foram acusados de facilitar a libertação do narcotraficante brasileiro Jorge Teófilo Samudio González, também conhecido como “Samura” e que é integrante da facção criminosa brasileira CV (Comando Vermelho). O diretor da prisão, Juan Carlos Irala, 44 anos, também deve ser acusado pelo Ministério Público, bem como os três supostos criminosos presos em Ñeembucú e que teriam participando do grupo que resgatou Samura.
Os promotores de Justiça Alicia Sapriza, Marcelo Pecci e Hugo Volpe, que atuam na Unidade Especializada de Crime Organizado do Ministério Público do Paraguai, acusaram formalmente os dois carcereiros pelos crimes de atos puníveis de frustração da acusação e execução criminal previstos no artigo 292, realização do ato por funcionários (Art. 293) e libertação de prisioneiros (Art. 294), todos eles do Código Penal (CP).
Dos atos puníveis mencionados, o que tem maior expectativa de prisão é a libertação de prisioneiros. Esse artigo descreve que, 1º Quem libertou um preso, o induziu a escapar ou o apoiou, será punido com prisão por até três anos ou com multa. A tentativa também será punida. 2º Quando o autor: 1 for funcionário público ou estiver na instituição penitenciária, e 2 for especialmente obrigado a evitar a evasão, será aplicada uma pena de prisão de até sete anos.
No caso de crime de frustração de acusação e execução criminal, o PC prevê uma pena máxima de até três anos ou uma multa. Para o crime de praticar o ato pelas autoridades, a estrutura criminal prevê uma expectativa de até cinco anos de prisão. Conforme indicado pelo Ministério Público, o diretor da prisão de Emboscada, Juan Carlos Irala, também será acusado formalmente pelos mesmos atos puníveis atribuídos aos agentes penitenciários, por não informar às autoridades que o perigoso narcotraficante Jorge Teófilo Samudio González seria levado para uma audiência no Tribunal do Júri e exigia uma guarda reforçada.
União de quadrilhas
O Ministério Público do Paraguai suspeita que grupos criminosos da Linha Internacional entre Pedro Juan Caballero (PY) e Ponta Porã (MS) tenham se aliado para resgatar o narcotraficante Jorge Teófilo Samudio González, o “Samura”. Na quarta-feira (11), homens armados com fuzis atacaram o comboio que levava Samudio de volta para o Presídio de Emboscada, em Assunção (PY), e resgataram o bandido apontado como importante líder do Comando Vermelho na fronteira com Mato Grosso do Sul.
O promotor Marcelo Pecci, um dos coordenadores da força-tarefa contra o crime organizado no Paraguai, afirma que apesar da ligação de Samura com a facção carioca, a libertação dele interessava a outras quadrilhas do norte daquele país. Embora faccionado ao CV, Samura colabora com outras facções na remessa para o Brasil e Europa da cocaína trazida de avião da Bolívia até o Paraguai.
“Não gostaria de dizer diretamente o Comando (Vermelho), mas sim, existem associações ou pactos entre esses grupos que são importantes. Também identificamos grupos do Norte que realmente teriam parceria para perpetrar esse fato”, afirmou o promotor em entrevista à rádio ABC Cardinal.
Natural de Capitán Bado, cidade vizinha de Coronel Sapucaia (MS), Samura atua em Pedro Juan Caballero e tinha sido capturado em outubro do ano passado em Bella Vista Norte, outra cidade paraguaia vizinha de Mato Grosso do Sul.
Era procurado desde 2011, quando agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) cercaram uma pista clandestina em Concepción, onde foram apreendidos 370 quilos de cocaína. Mas Samura conseguiu escapar e só foi preso no ano passado perto de Mato Grosso do Sul.
Nesta sexta-feira (13), foi enterrado com honras militares o corpo do comissário Félix Antonio Ferrari Yudis, 43, morto durante o ataque para resgatar o narcotraficante. O sepultamento foi no Santuário Nuestra Señora del Rosario, em Luque, cidade na região metropolitana de Assunción.
Onze pessoas estão presas acusadas de participação no plano de resgate. Três são supostos membros da quadrilha, envolvidos diretamente no ataque, capturados ontem no distrito de Desmochados, a 300 km da capital.
Também estão presos sete agentes penitenciários que integravam a escolta do bandido e o diretor do presídio, Juan Carlos Irala, 43, denunciados pela Promotoria de Justiça por terem facilitado a ação da quadrilha.
Os três suspeitos de fazer parte da quadrilha são os irmãos Rody David Almeida Ibarra, 30, e César Andrés Almeida Ibarra, 24, e Édgar Espinoza Cuevas, 23. Os três são do departamento de Concepción, a 70 km de Ponta Porã.