Nota da coluna Radar da Revista VEJA revela que setores de inteligência policial teriam detectado atividades do grupo paramilitar islâmico Hezbollah na região da fronteira entre Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero (PY). Conforme a publicação, o Governo Federal já teria identificado atividades do Hezbollah em Ponta Porã e na fronteira do Brasil com o Uruguai.
O assunto seria tratado com reservas pelo Palácio do Planalto, porém, o monitoramento seguiria em execução. Foi a segunda referência, em poucos dias, sobre a atuação do Hezbollah em fronteiras brasileiras pela imprensa brasileira. O grupo, de fundamentação xiita e bases no Líbano e Síria, teve sua influência relatada em regiões do Oriente Médio, sendo tratado por autoridades norte-americanas como organização terrorista.
Já uma reportagem da Revista Istoé apontou que um debate em Buenos Aires sobre lavagem de dinheiro, nos últimos dias, abordou a presença de outros grupos terroristas na Tríplice Fronteira (entre Argentina, Brasil e Paraguai), como Estado Islâmico, Al Qaeda e Hamas, todos de origem sunita, mas atribuiu papel principal ao Hezbollah.
A Istoé destaca que a presença do Hezbollah é conhecida, pelo menos, desde 2005, a partir de relações entre o grupo extremista e os cartéis de drogas colombianos. Com o tempo, teria migrado para o sul e se aproximado de facções criminosas brasileiras, como PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho, que lutam por espaços na fronteira Brasil-Paraguai.
A morte do então “Rei da Fronteira” Jorge Rafaat, de origem libanesa, em 2016 – em um ataque nas ruas de Pedro Juan Caballero, que se valeu até de artilharia antiaérea adaptada em um veículo – foi lembrada na reportagem que tratou da relação entre os grupos, assim como o assalto a uma transportadora de valores de Ciudad del Este, no ano seguinte, quando foram levados US$ 12 milhões.
A relação entre o Hezbollah e as facções brasileiras, prossegue a Istoé, teria entre as metas a execução de operações de fachada para lavagem de dinheiro das drogas e cigarros, resultando ainda na abertura de rotas clandestinas na América do Norte, Europa e Ásia.