O deputado federal Dagoberto Nogueira Filho e o ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, lotearam o PDT e PP, respectivamente, e, agora, passadas as últimas eleições, os filiados das duas siglas começam a contestar todo esse tempo em que as duas lideranças estão à frente das legendas. Os primeiros a reclamarem foram os filiados ao PP, que já se movimentam para a retirada do poder das mãos de Bernal.
Agora, é a vez do PDT, pois o deputado estadual Jamilson Name tem demonstrado insatisfação com a sigla e disse que entrou na agremiação porque teria uma amizade de longa data com o deputado federal Dagoberto Nogueira, porém, a situação mudou após ganhar a eleição para ocupar um cargo na Assembleia Legislativo de Mato Grosso do Sul.
Tanto Bernal como Dagoberto parecem incorporar o personagem de Charles Chaplin no filme “O dono do Mundo”.
“Escolhi por uma amizade que tinha com o deputado Dagoberto, mas a partir do momento que você tem mandato eles mudam o comportamento com você lá, isolam. Com certeza, quem tem mandato que deveria ter destaque, mas lá não. Quem tem mandato parece que vai ofuscar o Dagoberto e eles isolam. É o partido do Dagoberto, só dele. Historicamente é isso aí né, não sou eu quem estou falando”, disse.
Na semana passada, Jamilson reclamou que não é o deputado federal e presidente do PDT que administra a sigla no Estado, mas funcionários deles que são lotados no gabinete em Brasília e ficam na sede do partido em Campo Grande, citando o primeiro-secretário Sérgio Castilho. Presente na convenção municipal do PSDB para a recondução do vereador João César Mattogrosso à Presidência do ninho tucano, Jamilson destacou que não teria problema em mudar de agremiação. “Caso não tenha uma atitude, eu posso um dar. Eu não tenho dificuldade nenhuma com eles [PSDB]. Temos parceria em prol do Estado. Como diz o governador Reinaldo, política a gente faz com quem a gente gosta e com quem gosta da gente”.
Jamilson destacou ainda que o presidente do partido sempre é o único que permanece na sigla após as eleições. “É histórico dentro do PDT que em todas as eleições acontece uma debandada dentro do partido e permanece o deputado Dagoberto. Não sou eu quem estou falando, isso é histórico. Ele expulsou Onevan, depois saiu Beto, Felipe, Takimoto, mais recente. Todas as eleições, todo mundo sai e sai por causa dele. Não conversa com a gente, ninguém fala nada. Complicado, né?”, indagou.
PP
No PP, os líderes da sigla em Mato Grosso do Sul vão ainda neste mês a Brasília (DF) pedir a “cabeça” do presidente regional do partido. Eles estão preocupados com a paralisia do PP por falta de ação e querem “tirar o bode” da sala, referência sobre o incômodo da presença do ex-prefeito no comando do partido. A ideia é pedir o afastamento de Bernal até o fim do mês.
As lideranças vão apresentar ao presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, os problemas políticos criados por Bernal. Os vereadores de Campo Grande estão ameaçando deixar a legenda por causa da insatisfação com o dirigente regional.
Desde o início de março, agravou-se a crise no partido por causa de Bernal. O vereador de Campo Grande Valdir Gomes já anunciou que deixará a agremiação e pode ir para o PSD, do prefeito Marcos Trad, ou então para o PSDB, do governador Reinaldo Azambuja.
No dia 12 do mês passado, vereadores, deputados e demais lideranças do PP se reuniram na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS) para tratar da atual situação da sigla. Na ocasião, Gomes reclamou da situação em que a sigla estava.
Participaram do encontro o deputado Evander Vendramini, os vereadores Derly dos Reis de Oliveira, o Cazuza, e Valdir Gomes, além do vice-presidente do PP regional, Ulisses Duarte, e do ex-secretário de Saúde de Campo Grande e ex-candidato a deputado estadual Ivandro Fonseca.
Após muitas informações desencontradas, Bernal apareceu na Casa de Leis, no dia 27 de março, para conversar com os correligionários. Ele foi até o gabinete do deputado estadual Evander Vendramini, acompanhado de Wilton Acosta, para conversar sobre o assunto. O presidente do PP se limitou a dizer que o diálogo é o melhor caminho.
Mesmo com a reunião, os integrantes do PP não estão satisfeitos com a postura do atual presidente e ainda em abril deputado e vereadores devem seguir para Brasília. Atualmente, o PP tem dois deputados estaduais, Vendramini e Gerson Claro, além de 17 vereadores, sendo três em Campo Grande, Cazuza, Valdir e Dharleng Campos, que assumiu a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sedesc), durante a gestão de Bernal na administração de Campo Grande.