Somente parafraseando o trecho “Será só Imaginação? Será que nada vai acontecer?”, da música “Será”, da banda Legião Urbana, do saudoso Renato Russo, é possível explicar os números apresentados pelo presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojista) de Campo Grande, Adelaido Vila, dando conta que mais de 1,5 mil empresas do centro da cidade fecharam as portas devido às obras do Reviva Centro.
Em áudio obtido pelo Blog do Nélio após reunião entre um grupo diminuto de comerciantes, que não passou de 10 e 4 vereadores no Plenarinho da Câmara Municipal de Campo Grande, o presidente Adelaido Vila reconhece que os dados contidos no levantamento divulgado por ele não passam de um “chute”. “O cálculo do desemprego gerado é muito simples: é só você imaginar, pegar o número de empresas fechadas e multiplicar por 5, que chegará ao número!”, declarou aos jornalistas.
Ele completa que para chegar ao número de 1,5 mil empresas fechadas e 7 mil desempregados no Centro da Capital foi só fazer uma conta simples: “você pega o número de empresas que a gente verificou que estão fechadas – 1,5 mil estabelecimentos – e multiplica por cinco e você vai chegar a 7,5 mil desempregados”.
Adelaido não para por aí e completa que não são só funcionários que estão desempregados. “É também o dono de pequenos negócios. Hoje, mesmo, nós tivemos uma reunião esvaziada porque grande parte dos empresários está com a barriguinha no balcão atendendo os seus clientes porque não tem mais funcionários”, garantiu.
Ainda a respeito do levantamento, ele acrescenta que os dados são foram coletados de forma séria. “Percorremos rua a rua, dentro de um quadrilátero significativo. Nós não estamos falando só da Rua 14 de Julho, nós estamos falando de um todo. Nós estamos falando da Fernando Corrêa da Costa até a Mato Grosso e da Calógeras até a Pedro Celestino. Eu convido aquele que tiver alguma dúvida para que venha andar conosco no sol e contando junto com a gente quadra a quadra”, desafiou.
Na prática, o solicito dirigente patronal deixa claro que o tal levantamento não tem nenhum embasamento estatístico elaborado por órgãos competentes em nível municipal, estadual ou nacional. Tudo foi feito de forma empírica, ou seja, na base da observação, sem comprovação científica ou estatística, apenas no “imaginar”.
O número tão expressivo e sem comprovação dos órgãos competentes provocou o espanto do prefeito Marquinhos Trad, que, em entrevista, questionou: “1,5 mil empresas? Eu não quero comentar sem colocar a mão no documento, mas, 1,5 mil empresas?”.
Os números fora da casinha apresentados pelo presidente da CDL são ainda mais esdrúxulos que a proposta de limpeza social pretendida por ele. O cálculo maluco feito pela CDL e divulgado por Adelaido Vila leva em conta o período de abril de 2018 a março deste ano.
CONTRAPARTIDA
A CDL pede compensações pela demora das obras no centro da Capital com plano de mídia e compensações tributária.
O prefeito Marquinhos Trad já adiantou, antes mesmo de receber plano de mídias proposto pela CDL , que a possibilidade de ajudar os lojistas com propagandas de incentivo às compras épossível. Mas, pondera que deixar de cobrar imposto pode enquadrar em improbidade administrativa, conforme a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
“Dá para incentivar com publicidade, com propaganda pedindo para a pessoa comprar ali. Isso eu posso fazer. Agora deixar de cobrar imposto eu não tenho como. Até gostaria, mas não posso. Se em todos os lugares que a prefeitura fizer melhorias ter de haver redução de benefícios – que podem até ser justos – ficará inconcebível tributariamente. Há uma lei de responsabilidade fiscal que você não pode renunciar a receita sob pena de improbidade”, explicou.