Trapalhadas sem fim! Após ‘higiene social’, CDL inventa número de empresas afetadas por obras

Adelaido e Trecho da avenida Afonso Pena com 14 de Julho, em obra no mês de fevereiro (Foto/Arquivo: Kisie Ainoã)

Parece que o presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojista) de Campo Grande, Adelaido Vila, não cansa de passar vergonha. Depois de ganhar mídia negativa com a esdrúxula proposta de fazer abaixo-assinado para internar, de forma compulsória, os andarilhos e os drogados do centro da cidade, o que foi repudiado pela OAB, Prefeitura, Crefito, CDDH e Cress, eis que o mediano líder empresarial disparou sua “metralhadora giratória” para o lado das obras do Reviva Centro.


Adelaido Vila usou as mídias sociais e até a imprensa para divulgar que a revitalização do comércio da área central da Rua 14 de Julho teria provocado o fechamento de 1,5 mil empresas. O número tão expressivo e sem comprovação dos órgãos competentes provocou o espanto do prefeito Marquinhos Trad, que, em entrevista, questionou: “1,5 mil empresas? Eu não quero comentar sem colocar a mão no documento, mas, 1,5 mil empresas?”.

Os números fora da casinha apresentados pelo presidente da CDL são ainda mais esdrúxulos que a proposta de limpeza social pretendida por ele. O cálculo maluco feito pela CDL e divulgado por Adelaido Vila leva em conta o período de abril de 2018 a março deste ano. Conforme o dirigente lojista, em levantamento feito no quadrilátero das avenidas Fernando Corrêa da Costa, Mato Grosso, Calógeras e Rua Pedro Celestino, em abril do ano passado, foram contabilizadas 5.269 empresas na região, sendo serviço a com maior número de empreendimentos (1.971), seguido do comércio (1.437) e indústrias (2).
 
Em março deste ano, ainda de acordo com Adelaido, o total caiu para 3.370, redução de 36,10% nas atividades, entre comércio, indústria e instituições financeiras. No período, houve fechamento de 828 empresas no setor de serviços e 676 comércios, uma indústria. “Os números são reflexo da crise econômica de 2018, mas, principalmente pela forma como foi executada a obra do Reviva Centro”, afirmou o presidente da CDL.

Beira o absurdo acreditar que no referido quadrilátero há quase 6 mil estabelecimentos empresariais, entre comércio, serviços e até indústria. Ora bolas, que tipo de indústrias poderiam funcionar no centro de Campo Grande? Só se for as indústrias de estacionamento ou de cuidadores de carro. No entanto, vindo de quem vem, é óbvio que são números para lá de suspeitos.

Fica claro que Adelaido Vila, que não pode nem ser considerado representante de todo o comércio de Campo Grande, busca apenas divulgar a própria imagem. Para piorar o quadro.

Essa busca desenfreada por projeção faz com que o presidente da CDL queira estar na mídia e, por isso, cria fatos pitorescos e polêmicos com claros interesses políticos. O foco da vez é o prefeito Marquinhos Trad, a quem tenta pressionar, colocando todo o comércio contra o prefeito, sem ter o aval para isso.
Em nota, a Reviva Centro diz “caso a obra da Rua 14 de Julho impactasse todo o comércio ali instalado, o número de fechamento não seria superior a 242 empreendimentos localizados na via, conforme cadastro censitário realizado no início das obras. Antes mesmo das obras começarem, inclusive, já existiam 28 estabelecimentos fechados, de acordo com o levantamento. Além disso, dados da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul apontam que, entre dezembro de 2017 e dezembro 2018, o índice de fechamento de empresas foi em média de 10%.”
Parceria com o Governo
As críticas de Adelaido Vila vêm em um momento em que o prefeito Marquinhos Trad e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) firmaram um convênio de R$ 15 milhões para contrapartida e reajustamento de contratos já em andamento para iniciar, ainda neste primeiro semestre, quase R$ 169 milhões em obras de infraestrutura (drenagem, pavimentação e recapeamento).

Serão executados mais de 40 quilômetros de pavimentação, aproximadamente 25 quilômetros de recapeamento e intervenções como a travessia de drenagem que vai eliminar os problemas de alagamento na Avenida Cônsul Assaf, proximidades do Terminal Nova Bahia. Do total de recursos garantidos pela parceria da Prefeitura com o Governo, R$ 2,2 milhões servirão de contrapartida para as obras de revitalização e controle de enchentes em andamento no Rio Anhanduí, que ainda vão exigir desembolso de R$ 36,3 milhões.

Neste ano, serão entregues dois lotes (o primeiro, da Santa Adélia até a Rua Abolição e o terceiro, entre as ruas Bonsucesso e Aquário), enquanto o segundo lote (entre as ruas Bonsucesso e Aboliição) fica pronto em 2020. Com prazo estimado de um ano para início e conclusão das obras, o prefeito Marquinhos Trad destacou dois fatores como preponderantes para a realização das benfeitorias na Capital.

A maior parcela do convênio, R$ 9,6 milhões, complementará os recursos do PAC Pavimentação, para terminar 12 frentes de pavimentação e iniciar outras quatro, abrangendo as regiões da Vila Nasser (etapa A); Jardim Belinatti; Jardim Anache e Complexo José Tavares, beneficiando bairros no entorno do Bairro Nova Lima. Para o Projeto de Mobilidade Urbana, serão destinados mais de R$ 3 milhões para contrapartida, que garantirá o recapeamento e implantação do corredor do transporte coletivo na Avenida Bandeirantes e na Rua Bahia, resultando num investimento total de R$ 15,9 milhões.

Em seu discurso, o governador Reinaldo Azambuja ressaltou a satisfação de participar de uma nova agenda positiva que, segundo ele, só é possível acontecer através de uma parceria equilibrada, como tem sido a união dos dois governos, em prol da Capital.
A assessoria de imprensa do CDL não respondeu aos nossos contatos.