Reportagem do Blog de Andreia Sadi revelou, no fim de dezembro, a busca por esse destinatário, cujo codinome foi revelado por um delator que afirmou, porém, não lembrar de quem se trata. Segundo as planilhas da empreiteira, ele teria recebido R$ 3 milhões em Brasília em maio de 2012. O inquérito apura repasses de R$ 8,5 milhões a cinco pessoas – os senadores Romero Jucá (MDB-RR) e Renan Calheiros (MDB-RR) e os ex-senadores Delcídio do Amaral (PTC-MS) e Gim Argello (sem partido-DF), além de “Glutão”.
Jucá, Renan e Argello negam que tenham recebido propina para aprovar projeto. Delcídio afirma que pediu ajuda à empreiteira para ajudar prefeitos. Eles são suspeitos de receber propina pela aprovação do projeto de resolução do Senado 72/2010, que limitou a concessão de benefícios fiscais pelos estados em portos a produtos importados. A beneficiária seria a Braskem, uma das empresas do grupo Odebrecht.
Em documento apresentado ao Supremo, Dodge reiterou pedido da Polícia Federal de 60 dias de prazo para a conclusão das investigações. Como o pedido chegou ao Supremo em meio ao recesso do Judiciário, foi remetido à Presidência do tribunal, a quem cabe definir casos urgentes.
O relator do caso no Supremo é o ministro Luiz Edson Fachin, que cuida da Lava Jato no tribunal. A Presidência poderá analisar a prorrogação da apuração ou deixar a questão para o relator decidir em fevereiro. Lava-Jato tenta identificar suspeito de receber R$3 milhões em propina da Odebrecht.
Segundo Dodge, é preciso cruzar dados de perícias com provas coletadas na Operação Armistício, de 8 de novembro e que recolheu informações de supostos intermediários de Jucá, Renan e Gim Argello. “O trabalho policial concentra-se nesse momento na exploração e na análise de todo o material apreendido nos autos da Ação Cautelar 4400, na qual foi deferida a medida de busca e apreensão nos endereços das pessoas físicas e jurídicas mencionadas nos presentes autos”, afirmou a procuradora.
Segundo ela, a investigação até o momento “permitiu que importantes passos fossem dados em direção à elucidação dos fatos investigados”. “O completo esclarecimento dos fatos ainda demanda novas diligências e, assim, a continuidade das investigações”, pediu. Dodge disse ao Supremo que, desde a última prorrogação do inquérito, o único documento juntado ao processo foi o depoimento do executivo Cláudio Mello Filho.
Mas ela afirmou que o depoimento “trouxe importante contribuição (…) uma vez que o colaborador confirmou as conclusões a que chegaram o Ministério Público Federal e a Polícia Judiciária, em relação aos codinomes atribuídos aos parlamentares investigados”. No depoimento, Cláudio Mello confirmou a identidade de quatro políticos, mas disse que não se lembrava quem era “Glutão” e que se comprometia a verificar e prestar esclarecimentos.