O advogado e deputado estadual João Henrique Catan (PR), que já está sendo chamado no meio político como “bebê chorão”, virou motivo de chacota entre os deputados eleitos, principalmente entre os veteranos de Assembleia Legislativa, depois que recorreu à Justiça para que os gabinetes da Casa de Leis sejam distribuídos pelo critério de sorteio.
A medida, considerada coisa de mimado, é inócua, afinal, é claro que os 13 deputados estaduais reeleitos não vão desocupar os atuais espaços para os 11 novatos, a não ser quem for eleito presidente da Assembleia Legislativa. Ao tomarem conhecimento da ação movida por João Henrique Catan, políticos da velha guarda brincaram, falando que o novato deve aprender logo como é que a banda toca na Casa de Leis. “Quem anda de cócoras, agachado está”.
Ora, não se sabe quem está orientando o novato Catan, mas essa medida já apresenta um revés ao parlamentar antes mesmo de sentar na cadeira.
Ir à Justiça por quirelas mostra bem, ou pelo menos dá um indicativo do que será o nível das discussões capitaneadas pelo novato.
A convivência com os veteranos poderá salvar o mandato do cidadão, afinal, Catan não é independente, não terá peito para enfrentar o sistema o guri poderia pedir uma aulinha para o veterano Londres Machado (PSD)
Ação na Justiça
Tudo isso porque recorreu à Justiça contra a maneira como foram distribuídos os gabinetes parlamentares para os próximos quatro anos dos políticos na Assembleia Legislativa. A distribuição dos gabinetes geralmente é feita por sorteio, de acordo com o atual presidente da Casa de Leis, Júnior Mochi (MDB), ou até mesmo por consenso entre os parlamentares.
Porém, os mais antigos políticos reeleitos para mais quatro anos devem ficar com os melhores gabinetes. No mandado de segurança com pedido de liminar contra ato da Mesa Diretora da Casa de Leis, protocolado no dia 7 de janeiro e distribuído ao desembargador Eduardo Machado Rocha, o deputado alega que, durante o recesso da Casa – que acaba no dia 1º de fevereiro, dia da posse dos parlamentares –, a Mesa Diretora deveria ter fornecido orientação aos novos deputados sobre a maneira, critérios e regras com relação à forma de distribuição dos gabinetes parlamentares.
Na ação, Catan afirma que essa informação deveria ser dada a fim rechaçar a restauração da “velha política” e dos escusos e não republicanos critérios do favorecimento inadequado, para vedar a instituição de verdadeira oligarquia no sistema político brasileiro, principalmente porque não existem normas administrativas para disciplinar o assunto, como a distribuição dos gabinetes dos parlamentares e a existência de espaços diferentes dos demais, pequenos, em locais distantes ou próximos, entre outras divergências.
Ainda segundo a ação, a pretensão do deputado não tem a necessidade de buscar tutela judicial para garantir a ele nenhum direito de preferência. No mandado de segurança, o novato afirma que o expediente legislativo começa em poucos dias, sem que tenha havido alguma definição, estabelecimento de critérios ou aviso quanto à data do sorteio dos gabinetes disponíveis, forma de acompanhamento, escolhas e organização.
Segundo Mochi, quem discute isso é a nova mesa diretora. “Ainda não foi distribuído nada. Os deputados que não foram reeleitos podem ficar até dia 31 com os gabinetes, ou seja, não estão desocupados ainda”, afirmou. O atual presidente afirmou ter tido precipitação com o pedido do novato. “Eu vi esse mandado de segurança e o deputado eleito tinha que entrar primeiro com fato coautor para depois entrar com mandado de segurança”, alegou.
Ainda conforme ele, depois que os deputados entregam as chaves, a Assembleia confere os patrimônios em cada gabinete, para depois ser discutida a distribuição. “É devolvida a chave, o pessoal confere o patrimônio e a Casa pega as chaves dos gabinetes. Após isso, faz-se a distribuição em uma reunião com todos os parlamentares”, explicou. “Mas é tudo com consenso. Na minha gestão, se tivesse mais de um deputado interessado pela mesma sala, a gente fazia sorteio entre eles”, completou.
Para finalizar, o presidente da Assembleia disse que a distribuição pode acontecer depois do dia 15 de janeiro ou quando todos os deputados entregarem os gabinetes à Casa. “O processo de escolha do novo presidente
[Paulo Corrêa] já está encaminhado. Ele vai chamar os deputados e de forma tranquila, acredito eu, vai discutir a distribuição. Isso pode acontecer depois da posse também”, afirmou.
A preocupação do novo deputado com o gabinete já dá para prever o nível do parlamentar que vai ocupar a cadeira. O Estado não tem outros problemas para serem resolvidos pelos deputados para que eles fiquem brigando por esse ou aquele gabinete. Bem coisa de filhinho de papai ou de criança pirracenta para não dizer outra coisa.