Mesmo deixando de cumprir as metas de duplicação da rodovia BR-163 determinadas pela Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), a CCR MSVia continua lucrando pesado com as praças de pedágio instaladas ao longo da via em Mato Grosso do Sul. Nem mesmo a greve dos caminhoneiros, manifestação que reduziu drasticamente o fluxo de veículos nas rodovias brasileiras no mês de maio, foi capaz de diminuir o movimento e reforço na receita com a cobrança de pedágio da concessionária.
O faturamento, no segundo trimestre deste ano, quando as nove praças da empresa arrecadaram R$ 64,4 milhões, foi 8% maior que no mesmo período do ano passado, quando a receita foi de R$ 59,7 milhões. Os bons números contrastam com as dificuldades alegadas pela empresa para prosseguir com as obras de duplicação da via.
A receita no primeiro semestre deste ano na estrada sul-mato-grossense foi de R$ 136,2 milhões, 9,8% a mais que os R$ 124,1 milhões do mesmo período de 2017. O volume de veículos que passaram pelas praças de pedágio da BR-163, nos primeiros seis meses deste ano, foi de 20.766.527, quantia 2,8% maior que os 20.206.727 do primeiro semestre de 2017.
Apesar da isenção de cobrança dos eixos suspensos, que passou a valer depois da greve dos caminhoneiros, e da redução de fluxo nos dias de paralisação, a CCR admite que a MSVia não foi afetada. Conforme o boletim divulgado pela CCR, no segundo trimestre deste ano, 78% do tráfego da via foi de veículos comerciais, e 22%, de veículos leves. No mesmo período de 2017, esta proporção era de 76,3% para os pesados e 23,7% para os leves.
Desde 9 de maio, a concessionária é multada em R$ 19,7 mil ao dia por não cumprir suas obrigações. Até esta data, ela deveria ter duplicado 193,5 quilômetros de rodovia. No mesmo mês de maio, a CCR MSVia ainda prometeu ir à Justiça contra a União, para pedir a revisão dos termos assinados em 2014.
Apesar deste impasse regulatório entre a concessionária e a ANTT, a CCR MSVia prevê investimentos de R$ 145,5 milhões para este ano. O boletim mais recente da empresa aponta que quase todo esse montante (R$ 111,4 milhões) já foi aplicado. Somente em obras de manutenção e melhorias, foram R$ 108,9 milhões utilizados, sendo R$ 55,7 milhões no segundo trimestre.
Ou seja, enquanto a CCR MSVia leva com a barriga a duplicação total da BR-163, os cofres da concessionária estão ficando cada vez mais abarrotados com o dinheiro arrecadado com o pedágio. E, parece, que não será feito para mudar isso, prejudicando mais uma vez os cidadãos comuns e os caminhoneiros que precisam se utilizar da rodovia.
Até quando? Com a resposta o MPF e a ANTT…