Oficialmente, Elizeu Dionizio pretende assumir o PP no Estado para tentar disputar uma vaga ao Senado pelo partido no lugar do ex-prefeito, mas, conforme apurou o Blog do Nélio, a missão não é tão assim.
Sem chances concretas de levar uma das duas vagas para senador no pleito deste ano, o foco do afilhado de André Puccinelli são as alianças que poderão formar com o futuro Governo, seja ele liderado pelo padrinho ou pelos adversários – leia-se Juiz Odilon ou Reinaldo Azambuja.
O deputado federal sabe que comandando uma legenda forte como o PP e sem Bernal no páreo seria uma cartada de mestre. E, portanto, tanto faz o resultado na eleição para senador, pois ele teria espaço no novo Governo ganhando secretarias de Estado como recompensa.
Sem expressividade
A vida política de Elizeu Dionizio sempre foi inexpressiva, tanto que o mandato de deputado federal lhe caiu no colo depois que o dono da vaga, Márcio Monteiro, assumiu o comando da Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda) e, mais recentemente, o cargo de conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado).
No parlamento há três anos, Dionizio deixou de ser suplente no ano passado e passou a ter direito pelo regimento da Câmara dos Deputados a presidir comissões permanentes e especiais, assim como relatar matérias importantes. Quando da transição para o Congresso, ele chegou a abrir mão do mandato de vereador de Campo Grande para assumir vaga deixada com a nomeação de Monteiro para a Sefaz.
Na Câmara dos Deputados, o parlamentar repete o fraco desempenho que teve como vereador de Campo Grande, quando ficou mais conhecido pelas polêmicas em que se envolveu. A última foi às vésperas de assumir a vaga deixada por Monteiro com os vereadores aprovando o Projeto de Lei nº 68/15, que permitia a Elizeu ocupar dois cargos no Legislativo.
Além da Câmara de Vereadores de Campo Grande, ele poderia atuar também na suplência do então deputado federal na Câmara dos Deputados, Márcio Monteiro, em Brasília (DF). A medida causou polêmica e fez o vereador voltar atrás em sua decisão. No entanto, o imbróglio mais sério do parlamentar foi seu envolvimento na Operação Coffee Break, que investiga se vereadores e empresários se uniram em um esquema para cassar o mandato do então prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal.
Para quem não se lembra, apesar de o MPE (Ministério Público Estadual) nunca ter apontado o deputado como investigado na Operação, o seu nome foi citado em uma carta apreendida pelo Gaeco. Um dos investigados citou que Eliseu Dionízio e outras pessoas teriam acertos para receber pela cassação do ex-prefeito Alcides Bernal.
A operação Coffee Break resultou em duas ações: uma na área criminal e outra na área cível. Na cível, segue a tramitação normal. Na ação penal, havia divergência se o procedimento seria de competência do juiz de primeiro grau ou se voltaria ao Tribunal de Justiça. A decisão mais recente é de que o caso deve ficar com o tribunal.
Voto evangélico
Para concretizar seu projeto particular de poder, Elizeu Dionizio está usando o voto evangélico de forma oportunista. O “nobre” deputado federal sabe que a estratégia dos líderes nacionais de igrejas evangélicas e partidos ligados a elas de aumentar sua bancada no Congresso Nacional passa pelo lançamento de candidatos ligados diretamente ao segmento para disputar vaga no Senado Federal nas eleições deste ano.
A proposta é contribuir para a bancada evangélica ampliar de 93 para 150 parlamentares na Câmara dos Deputados e de três para 15 no Senado. No Estado, líderes políticos evangélicos estão mobilizados para assegurar mais espaço no cenário político nacional e os dois nomes fortes são o da vice-governadora Rose Modesto e o de Elizeu Dionizio.
De olho nesse apoio maciço dos evangélicos, Elizeu tenta avançar com o seu projeto de ser candidato ao Senado. No Brasil, segundo pesquisa Datafolha, em dezembro de 2016, a população evangélica correspondia a 29% da população, porém são 16,5% dos congressistas. Já em Campo Grande houve aumento de 74% na quantidade de pessoas evangélicas entre 2000 e 2010, de acordo com o Censo, realizado pelo IBGE. De 137.170 evangélicos, o número passou a 239.882.
Reposta de Bernal
Ouvido pelo Blog do Nélio, o ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, reforçou que sempre houve uma tentativa de enfraquecer o seu legado eleitoral, “Acredito que esta insistência em ‘tirar o Progressistas das mãos do Bernal’ seja parte desta pretensão. As informações que nos chegam da capital federal são de inúmeras propostas para a troca do comando do partido aqui no Estado, por parte de grupos que sempre estiveram no poder em Mato Grosso do Sul e hoje são citados nas operações policiais. O Bernal não é interessante para esses grupos”, afirmou.