Em abril de 2014, quando assumiu a concessão da BR-163 em Mato Grosso do Sul, a CCR MSVia foi apontada como a redenção para a via federal, que agonizava e tinha o triste título de “rodovia da morte”. Porém, passados três anos e oito meses, o controle da estrada pela iniciativa privada pouco mudou o cenário.
Dados apresentados pela CCR MS Via demonstram que só 17,1% das obras previstas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foram realizadas, mesmo após reclamação da empresa, paralisação temporária das obras e maior prazo dado pelo órgão federal.
A via, uma das mais importantes da Região Centro-Oeste, liga a Amazônia ao Sul do Brasil, cortando por completo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, passa por 21 municípios do nosso Estado, de um extremo a outro, de Sonora a Mundo Novo.
No total, dos 845,4 quilômetros de pista entregues à MSVia, ramificação da CCR que administra o trecho no Estado, 806 deles deveriam ser duplicados. Mas até agora, somente 138,5 quilômetros receberam nova pista como o acordado.
Em nota, a concessionária informa que mais 12,5 quilômetros de duplicações serão entregues até maio do próximo ano, mas o ritmo normalizado de obras atual esconde o imbróglio que paralisou as obras por sete meses neste ano.
Após entregar os 10% exigidos de obras em 2015 para começar a cobrar pedágio, a MSVia alegou queda de 35% na arrecadação para fazer o pedido de prolongamento para 2029 do prazo inicial dado pela ANTT. A exigência era de que as obras fossem finalizadas em 2020. A União acatou o pedido e publicou Medida Provisória.
A alegação foi de que essa seria a única forma de as obras se reiniciarem, após pressão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), junto ao Ministério dos Transportes. Da previsão inicial de R$ 6,5 bilhões que seriam investidos pela concessionária, já foram gastos de fato, até agora, R$ 2 bilhões.
Mas Azambuja alegou que o acordo feito com a empresa determinou a reprogramação de gastos e a concentração de investimentos nos trechos de maior tráfego, de acordo com as normas da ANTT.
A verdade é que a concessionária executa as obras a passos de formiga e está louco para abandonar o trecho adquirido. Não é de se estranhar que, no próximo ano, a CCR MSVia consiga passar a bucha para a frente e a próxima concessionária faça ainda menos do que já está sendo feito.
O resultado é que as mortes continuam, os prejuízos financeiros para os caminhoneiros também e tundo continua como antes.