Como o Blog do Nélio já tinha adiantado na terça-feira (05), o secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, comunicou, nesta quarta-feira (06), em entrevista coletiva, a saída da pasta. Apesar de alegar que a decisão foi de caráter pessoal e tomada há aproximadamente dois meses, na verdade ele prepara sua saída a mando do governador Reinaldo Azambuja depois que veio à tona as lambanças feitas com dinheiro público e descobertas pelo promotor de Justiça Marcos Alex, da Promotoria do Patrimônio Público.
Nelson Tavares está sendo processado por se recusar a cumprir uma sentença judicial que transitou em julgado em 2010. A decisão determina que o Estado realize uma cirurgia corretiva em um jovem que sofreu um acidente de trânsito provocado por um veículo oficial.
Além disso, ele está sendo acusado formalmente de omissão na gestão da saúde pública. Isso porque o gestor de recursos deixou de aplicar R$15 milhões de reais em ações de combate à dengue, durante a epidemia ocorrida entre 2015 e 2016. O Ministério Público Estadual o acusa de ter ignorado a situação de crise instalada, quando Mato Grosso do Sul se tornou a quarto Estado em número de incidência de contaminação pela dengue.
Nesse período, somente em Campo Grande foram confirmados nove óbitos em decorrência da doença, dentre eles inclusive a morte de uma criança de 08 anos. Ter um secretário enrolado na Justiça não é saudável para a imagem do Governo, portanto, tirá-lo agora seria uma forma de prevenir o staff de Azambuja perante a imagem pública.
Esse já o terceiro secretário “sangue puro” do PSDB a ser desligado do Parque dos Poderes. Em março, o “todo poderoso” Sergio de Paula também pegou o banquinho e saiu de mansinho depois de uma certa “reforma administrativa”. Nos bastidores a história foi outra. Ele estaria enrolado num esquema com frigoríficos do Estado. O caso não foi comprovado oficialmente ainda.
Arrumaram uma boquinha para o dito como tesoureiro estadual do PSDB. É claro que de Paula continua transitando livremente pelo Parque. Já Marcio Monteiro, ex-secretário de Finanças, também caiu na desgraça dos escândalos. Ele virou réu pelo crime de improbidade administrativa.
Deputado federal licenciado e presidente regional do PSDB, à época, Marcio Monteiro, ficou um mês longe do governo e foi acomodado de forma recorde no Tribunal de Contas do Estado, que está sob a batuta do também tucano, de bico grande, Waldir Neves. Há sobre ele ainda uma denúncia de emitir notas frias em movimentação de gado. Nada foi comprovado. Ainda.
Entrevista coletiva
Hoje, durante entrevista coletiva, Nelson Tavares, que é médico cardiologista e agora volta ao trabalho no Hospital Universitário, negou que o pedido para deixar o primeiro escalão tucano tenha relação com ação civil pública de improbidade administrativa que tramita no judiciário. “Foi decisão que tomei há dois meses, por questões privadas. Tenho muito orgulho de desempenho da secretaria no combate à dengue”, afirmou o secretário.
Tavares também negou que tenha intenções de concorrer às eleições no próximo ano. A comunicação da saída seria feita amanhã ao governador Reinaldo, mas em razão da informação ter sido vazada, Tavares decidiu pedir exoneração hoje. Em relação ao novo titular da Saúde, que provavelmente será Carlos Coimbra, gerente-administrativo do Hospital Rosa Pedrossian e ex-diretor-presidente do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, Tavares diz que não indicou substituto.
“É uma decisão do governador, não sei quem será colocado e não participei do processo de escolha, mas acredito que o sucessor vai manter os projetos que eu tocava na secretaria”, completou. Em rápido balanço dos quase três anos no comando da SES, Tavares lembrou da Caravana da Saúde, que atendeu 60 mil pessoas que esperavam por cirurgia. Nova edição da caravana, voltada para alunos de escolas e saúde da mulher, seria realizada este ano, mas não aconteceu. Licitações já estariam prontas para que o projeto seja realizado em 2018, de acordo com Nelson Tavares.