Às vésperas do reajuste da tarifa do transporte coletivo urbano em Campo Grande, o prefeito Marquito Trad ainda não cumpriu com a promessa feita durante a campanha eleitoral do ano passado de que, caso fosse eleito, todos os ônibus teriam ar condicionado e os pontos seriam cobertos. Pois é, ele foi eleito e, passados 11 meses à frente da administração municipal, a maioria dos ônibus do transporte coletivo urbano continua sem ar condicionado e os pontos permanecem sem cobertura.
O descaso do prefeito afeta em cheio a população, que precisa se utilizar do serviço todos os dias, pois, para variar, a falta de ônibus suficientes faz com que os passageiros fiquem horas sob o sol, a poeira e, muitas vezes, a chuva nos pontos sem cobertura. E, depois das longas esperas, ainda enfrentam a ausência de ar condicionado no veículo, além da superlotação provocada pela quantidade reduzida de ônibus.
Para agravar o quadro, além de sem cobertura, os pontos de ônibus foram instalados em meio a calçadas de terra, mato alto e sem condições para paradas adequadas, provocando dificuldades em embarcar ou descer dos veículos. Outro agravante é que esses locais não contam, muitas vezes, com bancos para os passageiros sentarem enquanto aguardam a chegada do ônibus, obrigando que os próprios moradores instalem bancos feitos de madeira após cansarem da falta de providências da Prefeitura.
Promessa antiga
Quando completou os primeiros 100 dias à frente da Prefeitura de Campo Grande, o prefeito Marquito Trad prometeu, em entrevista ao vivo no MSTV 1ª Edição, da TV Morena, colocar cobertura em todos os pontos de ônibus em seis meses, mas, passados sete meses do prazo estipulado pelo próprio gestor, o máximo que se conseguiu foi a instalação de coberturas em 20 pontos e isso graças a recursos da concessionária Guaicurus, que “explora” sem dó o serviço de transporte coletivo urbano na cidade.
Segundo o diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine de Lima Bruno, até setembro mais 80 pontos, totalizando 100, estariam cobertos e que mais 500 seriam cobertos até o fim do ano. Hoje, de acordo com levantamento da própria Prefeitura, são 3.467 pontos de ônibus em Campo Grande, sendo 1.956 cobertos e 1.511 sem cobertura.
Caso tivessem sido mesmo cobertos 600 pontos, ainda ficariam faltando 911 pontos para serem cobertos, lembrando que a maioria desses pontos tem apenas um pedaço de madeira colocado na calçada, pintados de laranja, azul ou branco e escrito “ônibus” com tinta preta ou branca.
Além disso, dentre os 1.956 pontos cobertos, a maioria também não tem mais bancos e os moradores têm de improvisar com pedados de pau ou até troncos de árvores. Nos bairros, para quem não sabe, a espera pelo ônibus passar chega a durar até uma hora e o usuário tem de ficar em pé sob o sol ou sob a chuva. Apesar disso, a preocupação do prefeito é cobrir banco de reserva de campinhos de futebol para peladeiros jogarem uma vez por semana, deixando milhares de usuários do transporte público a ver navios, ou melhor, a ver chuva e sol.
A culpa é do vandalismo
Levantamento apresentado pela Comissão Permanente de Transporte e Trânsito da Câmara Municipal, durante encontro com o prefeito Marquito Trad, confirmou a falta de cobertura dos pontos de ônibus. De acordo com o William Maksoud (PMN), vice-presidente da Comissão Permanente de Transporte e Trânsito da Câmara Municipal, um dos problemas apontados pelo prefeito são os atos constantes de vandalismo.
Na reunião, o prefeito voltou a falar que a Prefeitura planeja novos 500 pontos de ônibus cobertos em Campo Grande por meio da fase Mobilidade Urbana, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto estaria em análise pela Caixa Econômica Federal, que precisa aprová-lo para que a licitação seja aberta.
As prioridades do prefeito Marquito Trad à frente da administração de Campo Grande são mesmo fora do interesse da maioria da população. A mais nova decisão equivocada – para não dizer outra coisa – do alcaide é que o digníssimo gestor municipal optou por dotar de infraestrutura um campinho de peladeiros do Bairro Morava Verde, região norte da Capital, apenas um exemplo, ao invés de investir o dinheiro na cobertura dos mais de 1,5 mil pontos de ônibus do transporte coletivo urbano da cidade.
O prefeito Marquito Trad mandou construir estrutura coberta e com banco de reserva de concreto para os jogadores aguardarem a hora de entrarem nas partidas de futebol de fim de semana, bem como arquibancada de concreto para o público que costuma acompanhar os jogos no campinho aos domingos. O próximo passo, conforme a denúncia, será mandar cobrir também a arquibancada para transformar em um pequeno estádio de futebol o espaço, que está localizado atrás do Supermercado Atacadão, da Avenida Cônsul Assaf Trad, e é utilizado apenas uma vez por semana.