Paulo Renato Coelho Netto Colaboração para o UOL, em Campo Grande
No dia 27 de setembro, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) decidiu reduzir em um ano e quatro meses a pena de Bruno Fernandes, condenado pela morte de Eliza Samudio.
Anteriormente, o goleiro Bruno havia sido condenado a 22 anos e três meses pelo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, sequestro e cárcere privado) de Eliza Samudio, pela ocultação de cadáver da vítima e pelo sequestro do menor B.S., filho do casal. Com a determinação, a pena passará de 22 anos e três meses de prisão para 20 anos e nove meses.
O goleiro já cumpriu sete anos de cadeia em regime fechado. No início deste ano, ficou dois meses em liberdade, por meio de uma liminar, entre fevereiro e abril. Bruno está no presídio de Varginha, no sul de Minas Gerais.
Segundo a certidão, Eliza foi morta por esganadura (estrangulamento) em 10 de junho de 2010, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Desde então, Sônia de Fátima Marcelo da Silva Moura, 51, mãe de Eliza Samudio, acalenta um sonho: encontrar e enterrar dignamente o corpo da filha.
Na entrevista concedida ao UOL em Campo Grande, onde mora, Sônia diz que o assassinato da filha foi premeditado e planejado para ser um crime perfeito. “Era para sumir com a Eliza e matar o meu neto. Quem executou a minha filha não teve coragem de executar meu neto. Ele está vivo por isso. Era para o menino estar morto também. Ele escapou por um milagre de Deus.”
UOL – A senhora acredita que um dia o corpo da sua filha ainda será localizado, mesmo após sete anos do assassinato de Eliza Samudio?
Sônia de Fátima Marcelo da Silva Moura – O maior sonho da minha vida é enterrar o corpo da minha filha. Não apenas por mim. Seria menos doloroso para o meu neto saber do crime e onde o corpo da mãe está sepultado. Impossível conviver com essa dor. Meu Deus, o que foi feito do corpo da minha filha? Onde eles puseram? Até hoje não me deram esta resposta, que teria que partir dos assassinos da minha filha.
Tanto Bruno como algum dos envolvidos no crime ainda podem dizer a verdade sobre o que aconteceu com o corpo de Eliza?
Tudo é oculto neste mundo, mas aos olhos de Deus não. Tenho esperança até que digam que não existem restos mortais dela, que foi queimada até virar cinzas, no que chamam de micro-ondas [quando um corpo é queimado entre pneus]. No entanto, até o dia em que não tiver esta confirmação, eu acredito que terei os restos mortais da minha filha. Tenho esperança, ainda, de que pelo menos um dos envolvidos no crime conte a verdade sobre o corpo de Eliza.
B.S., o neto da senhora, sabe o que aconteceu com a mãe?
Digo que a mamãe mora com o papai do céu, essas coisas que a gente conta para as crianças. Ele tem sete anos. Desde os dois anos de idade recebe tratamento psicológico. Sinto que ele está prestes a perguntar novamente e que tem o direito de saber a verdade. As coisas estão cada vez mais difíceis. No máximo em um ano ou dois vou ter que falar a verdade para ele. Não quero falar agora. Por que vou tirar a infância e a alegria dele nessa idade?