Passados 53 dias do maior assalto ocorrido na América do Sul, já que no dia 24 de abril deste ano um grupo ligado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) roubou mais de US$ 11 milhões da empresa Prosegur, localizada em Ciudad del Este, na fronteira do Paraguai com o Brasil, pelo Estado do Paraná, foram presos em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), dois homens suspeitos de integrarem uma quadrilha especializada em roubos a transportadoras de valores.
Antes de serem detidos, Odair José Rosa, de 35 anos, e Douglas de Melo Bezerra, de 28 anos, teriam sequestrado a gerente de uma empresa do segmento, em Juiz de Fora (MG). Além disso, segundo a Polícia, os dois teriam participado do mega-assalto a uma transportadora de valores, no Paraguai. Os suspeitos, encontrados pela Polícia de Minas Gerais, tiveram as identidades reveladas, nesta semana.
Odair Rosa e Douglas Bezerra já estavam sendo investigados quando atacaram a empresa no norte de Minas Gerais. Na ação, além da gerente, outras 12 pessoas foram sequestradas e o prejuízo causado foi de R$ 9 milhões. Eles estavam armados com fuzil, submetralhadoras e pistolas com grande capacidade de tiros.
O enteado de um gerente também foi raptado e mantido em cativeiro, em um sítio, na cidade de Contagem. No roubo da transportadora de Juiz de Fora foram usados documentos e até confeccionados uniformes parecidos com os dos funcionários. Toda a ação teria envolvido, aproximadamente, 30 criminosos.
Segundos as investigações, a quadrilha atuava em várias regiões do Brasil. Ocorrências já teriam sido geradas contra o grupo no Piauí, Maranhão e em São Paulo. Para o planejamento e execução desses crimes existem integrantes da quadrilha espalhados pelo país. Os roubos seriam organizados com até seis meses de antecedência e para financiar as grandes ações, os suspeitos praticariam crimes menores, como arrombamentos de caixas eletrônicos e cofres de empresa.
A dupla Odair Rosa e Douglas Bezerra foram encontrados em uma casa no Bairro Alvorada, na grande BH. No local, foi localizada uma grande quantidade de armamento, R$ 120 mil, além de ferramentas de última geração que seriam usadas para arrombar cofres. Moedas de, ao menos, 10 países também estavam guardadas no imóvel.
Como foi o mega-assalto
Armados com fuzis, entre eles a metralhadora calibre .50 que derruba até helicóptero, os ladrões explodiram a entrada da empresa e trocaram tiros com vigilantes. A ação durou aproximadamente três horas e eles fugiram com dinheiro.
O Ministério Público do Paraguai afirmou que o valor levado é de US$ 11.720.255,00. Um policial que fazia a segurança da transportadora foi baleado e morreu. A sede da empresa fica a quatro quilômetros da Ponte Internacional da Amizade, no oeste do Paraná.
O ministro do Interior Lorenzo Lezcano afirmou que os assaltantes eram brasileiros. Segundo ele, a maioria dos carros usada no assalto tinha placa do Brasil e uma vítima relatou que ouviu os criminosos falando em português. E os envolvidos seriam da facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital).
Também existe a suspeita de que ao menos cinco ataques a transportadores de valores em cidades paulistas tenham sido cometidas por membros dessa mesma facção criminosa. Elas ocorreram em Campinas, Santos, Ribeirão Preto e Santo André, entre 2015 e 2016.
No caso de Campinas, os ataques foram nas empresas Protege, em março de 2016 e também em março de 2015 e Prosegur, em novembro de 2015. A Protege, localizada no bairro residencial São Bernardo, teve o prédio parcialmente destruído por explosões provocadas pelos criminosos na madrugada do dia 14 de março.
Fortemente armados, eles estouraram o cofre da empresa e teriam levado cerca de R$ 50 milhões, segundo estimativa não oficial obtida pela EPTV, afiliada da TV Globo, na época. A empresa informou, na data, que cooperava com as investigações policiais.
Em março do ano anterior, 2015, a Protege também foi alvo de criminosos em um ataque. Pelo menos 10 homens participaram do assalto e levaram cerca de R$ 7 milhões que estavam em um dos carros-fortes. Os criminosos chegaram em três carros, armados com fuzis – inclusive o modelo .50 usado no Paraguai -, na noite do dia 4 de março.
Na madrugada do dia 6 de novembro de 2015, cerca de 20 homens armados com fuzis e metralhadoras entraram na empresa Prosegur atirando. Os criminosos usaram seis veículos para bloquear os acessos à transportadora e ferros retorcidos no asfalto. Dentro da empresa, eles usaram dinamites. Na época, a empresa informou à EPTV que colaborava com as investigações.