Um mês depois de mega-assalto na fronteira com o Paraguai, milhões de dólares continuam desaparecidos

assalto-paraguai-3Nesta quarta-feira (24/05), completa um mês do maior assalto ocorrido na América do Sul, já que no dia 24 de abril deste ano um grupo ligado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) roubou mais de US$ 11 milhões da empresa Prosegur, localizada em Ciudad del Este, na fronteira do Paraguai com o Brasil, pelo Estado do Paraná.

 assalto-paraguai-5Apesar de já terem passados 30 dias do crime, que tem tudo para virar um filme de Hollywood, ninguém fala mais nada e a última novidade sobre o mega assalto foi o fato de uma mulher aparecer de forma surpreendente como uma das peças chaves do maior roubo da história do Paraguai.

 A brasileira Marcela Antunes Fortuna, de 35 anos, foi presa pela Polícia Nacional do Paraguai, pode ser uma das gerentes financeiras do PCC, que está aterrorizando a fronteira entre os dois países. A prisão foi feita no apartamento 1.308 no 13º andar do Edifício Panorama II, localizado na Avenida Carlos Antonio López, no centro de Ciudad del Este.

 De acordo com a investigação paraguaia, Marcela pode ter conhecimentos de toda a dinâmica do crime, inclusive na questão que diz respeito ao financiamento da ação. Marcela Antunes, que opera sob o pseudônimo de “R1”, foi localizada na companhia de seu namorado, Fernando Alves de Oliveira, e de seus pais.

 Ela tem 41 mandados de prisão e condenações no Brasil por liderar a facção “Sintonias das Gravatas”, que seria uma espécie de buffet dedicado a advogados de defesa jurídica e de gestão administrativa ou monetário junto aos membros do PCC. Ao mesmo tempo, ela ocuparia o terceiro lugar na ordem hierárquica na estrutura da organização, de acordo com a polícia paraguaia.

 No lugar que eles foram presos foram recuperados documentos e celulares, a partir daí os investigadores tentam determinar as ligações da presa com os membros da gangue que atacou a Prosegur. De acordo com as investigações, Marcela sabia do assalto à empresa e teria fornecido apoio logístico e financeiro para a equipe que realizou o roubo histórico.

Rádio comunicador

 Um rádio comunicador foi encontrado no telhado da família Anisimoff que mora ao lado Prosegur em Ciudad del Este, que teria sido usado no assalto. O dispositivo foi entrego ao Ministério Público depois que o telhado foi revirado. Agora a polícia busca novas pistas.

 Para o vice-comandante da Polícia Nacional do Paraguai, Cryo Bartolomé Báez, a cooperação entre o Brasil e o Paraguai pode avançar nas investigações e na prisão de novos elementos. Os interrogatórios feitos com a integrante do PCC já desvendaram que a quadrilha tinha pelo menos 40 pessoas e agiram também com o apoio de paraguaios.

 Um dos suspeitos de participar do mega assalto era de Campinas. O homem, de 36 anos, foi morto em um confronto com a Polícia Federal brasileira no dia 24 de abril, horas depois do assalto. Investigações apontam indícios de que os envolvidos tenham ligação com os ataques às empresas de transporte de valores da região de Campinas nos últimos dois anos. A polícia do Brasil já recuperou uma parte importante do espólio, US$ 1.275.030, o que equivale a R$ 4,4 milhões, mais carros, armas e explosivos.

 Como foi

 Armados com fuzis, entre eles o modelo .50 que derruba até helicóptero, os ladrões explodiram a entrada da empresa e trocaram tiros com vigilantes. A ação durou aproximadamente três horas e eles fugiram com dinheiro.

 O Ministério Público do Paraguai afirmou que o valor levado é de US$ 11.720.255,00. Um policial que fazia a segurança da transportadora foi baleado e morreu. A sede da empresa fica a quatro quilômetros da Ponte Internacional da Amizade, no oeste do Paraná.

 Em entrevista à radio ABC Cardinal, o ministro do Interior Lorenzo Lezcano afirmou que os assaltantes eram brasileiros. Segundo ele, a maioria dos carros usada no assalto tinha placa do Brasil, e uma vítima relatou que ouviu os criminosos falando em português. E os envolvidos seriam da facção criminosa PCC.

 Também existe a suspeita de que ao menos cinco ataques a transportadores de valores em cidades paulistas tenham sido cometidas por membros dessa mesma facção criminosa. Elas ocorreram em Campinas, Santos, Ribeirão Preto e Santo André, entre 2015 e 2016.

 No caso de Campinas, os ataques foram nas empresas Protege, em março de 2016 e também em março de 2015 e Prosegur, em novembro de 2015. A Protege, localizada no bairro residencial São Bernardo, teve o prédio parcialmente destruído por explosões provocadas pelos criminosos na madrugada do dia 14 de março.

 Fortemente armados, eles estouraram o cofre da empresa e teriam levado cerca de R$ 50 milhões, segundo estimativa não oficial obtida pela EPTV, afiliada da TV Globo, na época. A empresa informou, na data, que cooperava com as investigações policiais.

 Em março do ano anterior, 2015, a Protege também foi alvo de criminosos em um ataque. Pelo menos 10 homens participaram do assalto e levaram cerca de R$ 7 milhões que estavam em um dos carros-fortes. Os criminosos chegaram em três carros, armados com fuzis – inclusive o modelo .50 usado no Paraguai -, na noite do dia 4 de março.

Na madrugada do dia 6 de novembro de 2015, cerca de 20 homens armados com fuzis e metralhadoras entraram na empresa Prosegur atirando. Os criminosos usaram seis veículos para bloquear os acessos à transportadora e ferros retorcidos no asfalto. Dentro da empresa, eles usaram dinamites. Na época, a empresa informou à EPTV que colaborava com as investigações.

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