O juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, condenou nove pessoas acusadas de ligação com a facção criminosa Comando Vermelho, sendo que quatro são de Mato Grosso do Sul.
Todos foram investigados no âmbito da Operação Bloodworm, deflagrada em maio do ano passado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Além de advogados, a investigação mirou também policiais penais acusados de facilitar a entrada de produtos ilícitos em presídios. Entretanto, essa sentença atinge apenas parte dos investigados.
O advogado Márcio Alex Baptista de Campos foi sentenciado a 5 anos, 7 meses e 20 dias por organização criminosa e 3 anos de reclusão por associação para o tráfico. Preso por outro processo, ele vai cumprir a pena em regime fechado.
As advogadas Camilla Moura da Rosa Lyvio, Hariadiny Halessa de Almeida Lobato e Isabella Patrícia Miranda Silva (de Dourados) foram condenadas, cada uma, a 5 anos, 7 meses e 20 dias por organização criminosa. Elas vão cumprir a pena em regime semiaberto.
Marido de Isabella, Renan Maycon Carneiro da Silva foi condenado a 3 anos de reclusão em regime aberto por associação para o tráfico. O juiz rejeitou a denúncia contra ele por organização criminosa e substituiu a pena restritiva de direitos por prestação de serviços à comunidade e multa de um salário mínimo.
Também foram condenados Alex Sandro Aguiar Duarte (5 anos, 5 meses e 10 dias em regime fechado), David Wilians Rossi (4 anos e 8 meses em semiaberto), Nelson Cordeiro Júnior (6 anos, 6 meses e 27 dias em regime fechado) e Pabilo dos Santos Trindade (5 anos, 7 meses e 20 dias em regime fechado).
“A materialidade do delito restou comprovada pelos documentos e relatórios de investigação apresentados pelo Ministério Público, bem como pelos depoimentos e interrogatórios colhidos em Juízo”, afirmou o juiz ao emitir a sentença.
No entendimento do magistrado, os quatro advogados atuavam como “pombos-correio” da facção criminosa dentro dos presídios. Filha de uma policial penal, Camilla Moura da Rosa Lyvio teria usado a senha da mãe para acessar informações sigilosas no sistema penitenciário.
Já Hariadiny Halessa, segundo a sentença, atuava para viabilizar a comunicação, organização e integração da facção membros e lideranças. “A ação da acusada possibilitou a destinação e gestão do auxílio financeiro da organização criminosa aos seus membros segregados em MS. Não resta dúvida, pois, de que a referida acusada promovia e integrava a organização criminosa autodenominada Comando Vermelho”.
A investigação do Gaeco descobriu que, a partir de 2021, a facção criminosa teria decidido se estruturar em presídios de Mato Grosso do Sul e colocou a célula de Mato Grosso para “assumir” o estado vizinho. Os advogados tiveram papel fundamental nessa estruturação, segundo a denúncia do Ministério Público.
Alex Sandro, David Willians, Nelson Cordeiro Júnior, Márcio Alex e Pabilo continuam presos. As três advogadas e Renan Maycon já foram soltos para cumprirem as penas em regimes semiaberto e as demais medidas (no caso do homem) impostas pelo Poder Judiciário. A sentença é do dia 1º deste mês.