Uma semana depois de decretada a prisão, Fahd Jamil e seu filho viram “fumaça” na fronteira

Nesta quinta-feira (25) completa uma semana que a terceira fase da “Operação Omertà” tentou, mesmo com o reforço de dois helicópteros, um da PM (Polícia Militar) e outro da PRF (Polícia Rodoviária Federal), prender o “padrinho da fronteira” Fahd Georges Jamil, 79 anos, o seu filho, Flávio Correia Jamil Georges, 35 anos, mais conhecido como “Flavinho”. Porém, todo o aparato policial foi em vão e pai e filho continuam em liberdade e com paradeiro “desconhecido”.

No entanto, só a força-tarefa da “Operação Omertà” não sabe para onde Fahd Jamil e Flávio Georges fugiram. A dupla já está no Paraguai, pois, para chegar ao país vizinho, pai e filho só precisava andar alguns metros, pois moram em Ponta Porã (MS), cidade que faz fronteira com Pedro Juan Caballero (PY), onde o “padrinho da fronteira” tem forte influência sobre as autoridades locais.

Outra coisa estranha é como que a força-tarefa, composta por inúmeros policiais e reforço de dois helicópteros, deixou, na manhã do último dia 18 de junho, um idoso quase octogenário e o filho fugirem do cerco à mansão Graceland, que Fahd Jamil construiu em Ponta Porã copiando a casa do astro do rock Elvis Presley em Memphis, no Tennessee (EUA).

Pai e filho tiveram as prisões decretadas por envolvimento com a milícia armada especializada em execuções, que foi totalmente desmanchada em 27 de setembro do ano passado com as prisões dos empresários Jamil Name, 83 anos, e seu filho, Jamil Name Filho, 42 anos, o “Jamilzinho”, em Campo Grande (MS).

As investigações da “Operação Omertà” indicam que uma das vítimas do grupo criminoso, o sargento PM Martins Figueiredo, executado em Campo Grande, na Avenida Guaicurus, em junho de 2018, estava envolvido no sumiço de Daniel Alvares Georges, o “Danielito”, dado como morto no ano passado.

Fahd Jamil, apesar de já ter tido duas condenações, uma a 22 anos e outra a 12 anos de reclusão, é réu primário, pois, nas duas vezes em que foi imposta pena contra ele, por crimes de tráfico de drogas, associação para o crime, remessa ilegal de valores para o exterior e lavagem de dinheiro, deram em nada, resumidamente.

Os dois processos são de 2005 e 2006, referentes a fatos que, como constou dos processos vinham desde a década de 1990. O responsável pela condenação em primeiro grau é o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, ex-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul. A primeira condenação contra Fahd Jamil, a 22 anos de reclusão, foi anulada pelo TRF 3 (Tribunal Regional da 3ª Região) sob alegação de falta de provas.

A segunda condenação, a 12 anos e 8 meses, foi de 2006 e a pena foi reduzida a 10 anos e, de recurso em recurso, acabou sendo considerada prescrita pelo Tribunal Regional Federal, por se tratar de pessoa com mais de 60 anos. Nesse caso, a prescrição conta pela metade.

Quando houve a primeira pena, chegou a ser pedido sequestro da mansão de Fahd Jamil. Se fosse concretizado, ela seria levada a leilão e o dinheiro revertido ao Poder Público para ações de segurança. O réu nunca deixou o imóvel milionário, e como as punições foram revertidas, é, até hoje, “ficha limpa”. Além da casa na cidade, é dono de uma fazenda, que também foi cercada pela força-tarefa na madrugada do dia 18 de junho.

Dessa vez, a ação contra Fahd Jamil é por envolvimento em outra atividade criminosa, a de milícia armada especializada em execuções, ocorridas em Campo Grande. As mortes, conforme as denúncias oficiais ocorriam sob chefia de Jamil Name, dono de relações muito próximas com o “capo” da fronteira, incluindo o fato de ele ser padrinho de Jamilzinho.