Operação da PF mira R$ 230 milhões em bens do tráfico no Brasil e Paraguai. É muito status com grana suja

A PF (Polícia Federal), com apoio da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai, deflagrou uma operação na manhã de hoje que mira apreender, no Brasil e no vizinho, mais de R$ 230 milhões em patrimônio de traficantes importantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e a outras organizações.

No Brasil, são alvos da operação “Status” 42 imóveis, duas fazendas e 75 veículos, além de embarcações e aeronaves, cujos valores somados atingem aproximadamente R$ 80 milhões em patrimônio adquirido pelos líderes da organização criminosa, de acordo com a PF.

Já no Paraguai, a polícia tenta apreender 10 imóveis, no valor aproximado de R$ 150 milhões. O país vizinho, além de ser o principal fornecedor de maconha para as facções criminosas PCC e CV (Comando Vermelho), faz parte, também, de uma das principais rotas da chegada da cocaína ao Brasil.

O delegado Elvis Secco, coordenador-geral de Repressão a Drogas e Facções Criminosas da PF, afirmou que “é a quarta operação policial em menos de 30 dias exclusivamente sobre a lavagem de dinheiro, sempre visando a descapitalização patrimonial, a prisão de lideranças e a cooperação internacional”.

Apenas em um dos alvos, foi apreendido na manhã de hoje R$ 529 mil em espécie. Imagens da PF mostraram, também, uma casa de luxo, com piscina e grande área de lazer, que era utilizada como moradia por um líder do PCC na região da fronteira.

De acordo com a PF, o esquema criminoso investigado tinha como ponto principal a lavagem de dinheiro do tráfico de cocaína, por meio de empresas de ‘laranjas’ e empresas de fachada, dentre as quais havia construtoras, administradoras de imóveis, lojas de veículos de luxo, entre outras.

“A estrutura, especializada na lavagem de grandes volumes de valores ilícitos, também contava com uma rede de doleiros sediados no Paraguai, com operadores em cidades brasileiras como Curitiba, Londrina, São Paulo e Rio de Janeiro”, diz o delegado.

Ao todo, policiais tentam cumprir oito mandados de prisão preventiva e 42 mandados de busca e apreensão nesta manhã. Todos os mandados foram expedidos pela 5ª Vara Federal em Campo Grande (MS). No Brasil, as ordens judiciais são cumpridas no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro:

·         Campo Grande (MS): 14 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva;

·         Ponta Porã (MS): nove mandados de busca e apreensão;

·         Dourados (MS): dois mandados de busca e apreensão;

·         Cuiabá (MT): três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva;

·         Barra do Garças (MT): duas fazendas com mandado de busca e apreensão;

·         Primavera do Leste (MT): dois mandados de busca e apreensão;

·         Curitiba (PR): quatro mandados de busca e apreensão;

·         Londrina (PR): um mandado de busca e apreensão;

·         São Paulo (SP): cinco mandados de busca e apreensão;

·         Rio de Janeiro (RJ): um mandado de busca e apreensão.

Já no Paraguai há em andamento quatro mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em 12 locais na capital, Assunção, e na cidade que faz fronteira terrestre com o Brasil, Pedro Juan Caballero.

De acordo com a Senad, as atividades de lavagem de dinheiro era feita por meio de casas de câmbio e outras empresas com capacidade de mobilizar grandes volumes de dinheiro. Essa ação ocorreu por meio de um “grupo familiar”, chamado de “clã García Morínigo”.

“O clã García Morínigo, além de se estabelecer como uma estrutura poderosa para a lavagem de dinheiro, também controlava grande parte do mercado de cocaína entre o Paraguai e o Brasil”, afirma a Senad.

Os integrantes desse clã, segundo a polícia paraguaia, são:

·         Emidio Morínigo Ximenes: Brasileiro, líder da organização;

·         Jefferson García Morínigo: Brasileiro, filho e chefe da organização;

·         Kleber García Morínigo: Brasileiro, filho e colaborador;

·         Robson Lourivar Alcaraz: Brasileiro, contador;

·         Julio Cesar Duarte: Proprietário das casas de câmbio.

A operação foi batizada de “Status” em alusão à ostentação de alto padrão de vida mantida pelos líderes da organização criminosa, com participações em eventos de arrancadas com veículos esportivos de alto luxo, contratação de artistas famosos para eventos pessoais e residências de luxo.