Ministério Público forma equipe de investigação para apurar execução de jornalista na fronteira

A Procuradoria Geral da República do Paraguai designou uma equipe de promotores que se juntarão ao trabalho de intervenção do agente Marco Amarilla para investigar o ataque ao jornalista Leo Veras, proprietário do “Porã News” digital, de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS).

A equipe será composta pelos agentes do Crime Organizado Alicia Sapriza, Marcelo Pecci; da Unidade Anti-seqüestro, Federico Delfino, e de Assuntos Internacionais, Manuel Doldán, que se juntará à equipe de trabalho dos investigadores junto à Polícia Nacional. Atualmente, ocorreu o promotor Marco Amarilla, de Pedro Juan Caballero, que foi constituído para intervir no incidente.

Leo Veras estava em casa, quando duas pessoas encapuzadas invadiram fortemente armadas e dispararam contra ele. Embora tenha sido assistido, ele não resistiu e morreu minutos depois. O comunicador vinha recebendo ameaças de bandidos há anos e até tinha seguranças.

Léo Veras era dono do site Porã News, que fica em Ponta Porã (MS) e é um dos principais jornais policiais da fronteira. Em 2013, até a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) repercutiu denúncias do profissional. À época, Léo Veras recebeu em seu celular mensagens de texto que diziam que ele era o primeiro de uma “lista negra” de pessoas que seriam assassinadas na região.

As mensagens seriam uma retaliação contra a publicação de matérias detalhando o trabalho de autoridades que investigam o narcotráfico. Naquele ano, a polícia paraguaia informou que Veras era a quinta pessoa a receber ameaças do mesmo número de celular. “Vou continuar fazendo o meu trabalho como eu faço todos os dias. Não existe ameaça que me impossibilite. Não vou me trancar em casa por causa disso”, publicou a ABI.

Mais recentemente, conforme o Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul), Veras teria dado um depoimento em reportagem especial da Rede Record sobre a violência na fronteira. Em nota, o sindicato lamentou a morte do profissional e se disse solidário com a família, amigos e colegas. “Mais uma vítima dos ataques contra os trabalhadores da comunicação, nestes tristes tempos de cerceamento da liberdade de expressão, Léo Veras merece mais do que condolências”, diz o sindicato.

O Sindjor-MS também cobrou uma investigação severa sobre o caso, bem como o sindicato que representa a categoria no Paraguai. “A dor e a raiva nos invadem novamente diante do décimo nono colega assassinado no nosso país. Vemos que mais uma vez os grupos criminosos tentam apagar a voz dos jornalistas através das balas e da violência, perante a cumplicidade de um estado totalmente dominado pela máfia e pela narcopolítica”, registrou a entidade do país vizinho.