Máquina de matar na fronteira não para e ano termina com 137 execuções em 2020

Nem mesmo a pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19) foi capaz de frear a “máquina de matar” instalada na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul e o ano de 2020 terminou com 137 execuções na região que envolvem, principalmente, as cidades de Pedro Juan Caballero (PY)-Ponta Porã (MS) e Capitán Bado (PY)-Coronel Sapucaia (MS), sem deixar de fora Bella Vista Norte (PY)-Bela Vista (MS), entre outras fronteiriças.

Na comparação de 2020 com 2019, há uma redução de 12,18% no número de assassinatos contratados na fronteira, caindo de 156 no ano retrasado para 137 no ano passado. Em 2020, a contabilidade da morte ficou assim: 8 execuções em janeiro, 10 em fevereiro, 12 em março, 8 em abril, 7 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 11 em agosto, 16 em setembro, 15 em outubro, 17 em novembro e 19 em dezembro, sendo o último mês do ano também o mais violento, diferentemente de 2019, quando o mês mais violento foi o de junho, com 20 assassinatos encomendado.

As execuções que mais chamaram a atenção em 2020 foram dos cinco corpos encontrados na manhã do dia 26 de novembro em uma vala comum na estrada de acesso à Colônia 204, em Pedro Juan Caballero. Isso porque dois dos cinco corpos eram de Muriel Correia e Riad Salem, sobrinhos de Fahd Jamil, o “Rei da Fronteira”, atualmente foragido com o filho, Flavio Jamil Georges, o “Flavinho”.

Segundo informações obtidas pelo Blog do Nélio, eles teriam sido sequestrados em Pedro Juan Caballero e foram executados pela facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital). O motivo foi uma disputa pelo controle do tráfico de drogas e armas na fronteira entre o PCC e o clã de Fahd Jamil.

A última execução do ano passado foi no dia 28 de dezembro e seria um acerto de contas entre pistoleiros na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul. Trata-se do paraguaio Richard David Carneiro, 28 anos, que foi executado na com tiros de pistola calibre 9 mm em uma residência localizada no distrito de Cerro Corá, em Pedro Juan Caballero.

O diferencial dessa execução é que o autor do assassinato é Fernando Villa Alta Torales, 20 anos, irmão de Fredy Peña Villa Alta, 24 anos, e Félix Villa Alta Torales, 15 anos, que foram mortos a tiros no último dia 22 de dezembro durante a festa de aniversário do adolescente pelo pistoleiro brasileiro Gustavo Franco Gonçalves, 19 anos, que está foragido.

Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, Richard David Carneiro era o comparsa de Gustavo Franco Gonçalves no assassinato dos dois irmãos, que só foram mortos após desentendimento na divisão de dinheiro obtido com a realização de um serviço de assassinato de aluguel. O duplo assassinato teria relação com a execução do ex-intendente de Itanará, Guzmán López Vargas, 48 anos, que foi morto por pistoleiros no dia 14 de dezembro em Pedro Juan Caballero.

Os três irmãos – Fernando Villa Alta Torales, Fredy Peña Villa Alta e Félix Villa Alta Torales – eram sócios de Richard David Carneiro e Gustavo Franco Gonçalves no crime de pistolagem e os cinco foram contratados para executar o ex-intendente em mais um acerto de contas na fronteira. Porém, na hora da divisão do dinheiro, os irmãos teriam tentado enganar Gustavo Franco Gonçalves e Richard David Carneiro, que foram até a festa de aniversário de Félix Villa Alta Torales para se vingar do golpe.

Como Fernando Villa Alta Torales não estava na festa, escapou de ser morto pela dupla Richard David Carneiro e Gustavo Franco Gonçalves. Para se vingar das execuções dos dois irmãos, ele conseguiu localizar Richard David Carneiro, que estava morando na Villa Guillermina, no distrito de Cerro Corá, depois que veio de Capitán Bado, cidade paraguaia que faz fronteira com Coronel Sapucaia (MS).