Justiça considera Jamilzinho de alta periculosidade e pretende mantê-lo ‘de molho’ por mais 360 dias

Considerado extremamente perigoso pela Justiça, o empresário Jamil Name Filho, 42 anos, mais conhecido como “Jamilzinho”, terá de permanecer 360 dias preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, por ser apontado como um dos chefes da milícia formada pelo jogo do bicho, que tem ainda como principal líder o seu pai, o empresário Jamil Name, 83 anos, também preso no mesmo presídio.

O juiz-corregedor da Penitenciária Federal de Mossoró, Walter Nunes da Silva Júnior, reafirmou, em documento encaminhado à 1ª Vara de Execuções Penais de Campo Grande, a inclusão definitiva de Jamilzinho na unidade pelo prazo de 360 dias, contados a partir de 12 de outubro deste ano até 5 de outubro de 2020.

Ele determinou ainda que, por todo o período em que estiver na unidade, Jamilzinho fique no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), ou seja, em celas individuais com limitações ao direito de visita e do direito de saída do espaço. O advogado Fábio Gregório, que defende Jamilzinho, disse ao site G1/MS que ainda não tem conhecimento dessa decisão do juiz-corregedor e que precisará primeiro ter “ciência do teor” para então estudar alternativas para impugná-la.

Ao lado do pai, Jamilzinho é, segundo força-tarefa do Ministério Público Estadual (MPE) e Polícia Civil, líder da milícia criada por uma organização criminosa ligada ao jogo do bicho para eliminar desafetos. O suposto grupo foi desarticulado em uma ação de vários órgãos de segurança e do MPE em 27 de setembro deste ano, durante a “Operação Omertá”, que resultou na prisão de 20 pessoas, entre elas, pai e filho.

Jamilzinho e o pai, além de outros integrantes do suposto grupo, foram inicialmente levados após a prisão para o Centro de Triagem de Campo Grande, mas, após o dia 12 de outubro, com a descoberta pela Polícia Civil de uma suposta ameaça ao delegado que chefiava as investigações, foram transferidos para o Presídio Federal de Campo Grande.

Além de pai e filho, foram transferidos para a penitenciária federal outros dois suspeitos de fazerem parte da cúpula da organização, ocupando o cargo de gerentes, o policial aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, o Vlad, e o investigador da Polícia Civil lotado da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF), Márcio Cavalcanti da Silva.

No dia 30 de outubro, Jamil Name foi transferido do Presídio Federal de Campo Grande para o de Mossoró e, no dia 5 de novembro, Jamilzinho foi levado para a mesma unidade. No documento encaminhado à Justiça de Mato Grosso do Sul o juiz-corregedor do Presídio Federal de Mossoró aponta que fundamentou sua decisão com base nas denúncias que pesam contra Jamilzinho, como por exemplo, a de que teriam envolvimento na morte por engano do estudante Matheus Coutinho Xavier, cujo verdadeiro alvo da milícia seria seu pai, o capitão PM Paulo Roberto Xavier.

No dia 26 de novembro, inclusive, o juiz da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, Aluizio Pereira dos Santos, decretou a prisão preventiva do empresário Jamil Name e de seu filho Jamil Name Filho, o Jamilzinho, pelo assassinato do estudante. Matheus foi assassinado no dia 9 de abril deste ano, com tiros de fuzil AK-47, no bairro Jardim Bela Vista, em Campo Grande, quando manobrava a caminhonete do pai.

Essa foi a primeira decisão judicial associando pai e filho a um homicídio que teria sido cometido pela milícia. Além disso, o corregedor citou o fato de que Jamilzinho e seu pai são apontados como os chefes da suposta organização criminosa. Destaca ainda que em uma conversa de Whatsap, gravada em um pen-drive apreendido com um suspeito de ser um integrante do grupo, o ex-guarda municipal Marcelo Rios, Jamilzinho deixaria evidente a sua ex-esposa que a “a família Name teria montado uma organização criminosa consistente em um verdadeiro grupo de extermínio e que iniciariam, a partir dali, a maior matança já vista na história de Mato Grosso do Sul”.