Vereador de Ponta Porã também é investigado em esquema de corrupção policial na fronteira

O vereador Marcos Bello Benites (PSDB), da Câmara Municipal de Ponta Porã (MS), é um dos investigados na “Operação Codicia”, deflagrada ontem (25) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) contra policiais civis do município que faz fronteira com o Paraguai.

Casado com uma escrivã da Polícia Civil, Marcos Bello Benites foi alvo de mandado de busca e apreensão. Durante as buscas na casa dele, os agentes do Gaeco encontraram uma pistola calibre .380 registrada em nome do vereador.

O registro estava vencido e, por isso, o dono da arma foi levado à Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã para prestar depoimento. Segundo a Polícia, a arma encontrada no guarda-roupa do quarto do casal estava sem munição e travada. O registro vencido não configura crime, apenas problema administrativo.

Além disso, o delegado de Polícia Civil Patrick Linares da Costa, chefe da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, também foi detido e prestou depoimento na Corregedoria da Polícia Civil em Campo Grande. Advogado, professor universitário e estudioso do Direito, o delegado foi aprovado em concurso para juiz substituto do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e a posse está prevista para os próximos dias.

Os outros investigados são Adriana Jarsen, Jonathan Pontes Gusmão, Mauro Ranzem, Márcio André Molina, Rogério Insfran (perito), Valdinei Peromalle e a escrivã aposentada identificada apenas como Doelza. Adriana e Valdinei são escrivães aposentados, enquanto Jhonatan Gusmão e Doelza não estavam na cidade e, por isso, não teriam sido presos.

Segundo o Gaeco, agentes da ativa e aposentados são acusados de tráfico de drogas através do desvio de droga do depósito da Polícia Civil e cobrança de propina para liberar veículos apreendidos ou recuperados, principalmente caminhões. A operação recebeu o nome de “codicia”, que em espanhol significa “ganância”.

Os crimes atribuídos aos policiais são concussão (usar o cargo público para obter vantagem indevida), peculato (se apropriar ou desviar bem público) e tráfico de drogas. Segundo o Gaeco, os crimes ocorreram nas delegacias de Polícia Civil de Ponta Porã.

As investigações começaram em maio de 2021 após policiais da 2ª DP cobrarem propina para devolver às vítimas uma carreta tomada em assalto e recuperada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal). Parte do pagamento foi feita por PIX, o que ajudou a comprovar o crime.

Conforme o Gaeco, a investigação comprovou que a associação criminosa formada por policiais aposentados e da ativa se utilizava das delegacias da cidade para obter vantagens indevidas, especialmente relacionadas a veículos apreendidos.

O grupo também é acusado de tráfico. A droga comercializada era retirada do depósito da Polícia Civil por um escrivão e repassada aos comparsas para a revenda. Com informações do site Campo Grande News